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Quinta-feira (18) ficou marcada como a Noite do Patrono na 49ª Feira do Livro da FURG

“Toda criança desenha, até ela se interessar por outras coisas; eu nunca parei de desenhar”

Abrindo a noite com uma conversa sobre a vida e a obra de Alisson Affonso, a noite da última quinta-feira, 18, marcou a programação da 49ª Feira do Livro da FURG com a Noite do Patrono, segmento especial dedicado a contemplação artística do grande nome que acompanha o evento. Ao fim do bate-papo, Alisson subiu ao palco da arena cultural para assumir a bateria – instrumento que domina juntamente aos pincéis -, para uma apresentação musical ao lado de músicos convidados, tocando alguns sucessos da música popular, incluindo no repertório clássicos papareias.

Um bate-papo: a vida e obra de Alisson Affonso

“Eu não sei bem porque eu sou apaixonado por isso”, começou sua resposta, ao ser questionado pela jornalista Julieta Amaral, responsável pela mediação da conversa com o patrono, evento que iniciou a celebração de Alisson Affonso enquanto artista homenageado desta edição. “A gente não entende o porquê de termos as paixões que temos. Eu nunca deixei de desenhar. Geralmente, chega em um momento na vida de uma criança em que ela acaba seduzida por outros interesses e pega no lápis e papel pela última vez sem perceber; eu não parei”, concluiu o pensamento.

Alisson é natural e residente de Rio Grande; bacharel em artes visuais pela FURG, desenvolve pesquisas junto aos coletivos Cupins da Gravura e Mancha Negra, e também atua como oficineiro de desenho no Instituto Cultural Filhos de Aruanda. Foi editor do Jornal Peixe Frito, Revista Ideia e Revista em Quadrinhos Plataforma HQ; ilustrou diversos livros e, atualmente, produz quadrinhos e ilustrações para jornais. Seu trabalho já foi premiado em mais de 15 salões e concursos em diferentes locais do Brasil. Internacionalmente, seu trabalho percorreu circuitos em países como Itália, França e Croácia.

Ao ser questionado sobre o apoio de sua família, Alisson respondeu de prontidão: “todos entenderam”. Segundo o patrono, durante a infância foi um menino calado, que aproveitava seu tempo de forma introspectiva. Quando presenteado, contentava-se com as coisas mais simples. “quando ganhava um lápis de cor, um caderno, uma folha de ofício, ficava muito alegre. Isso facilitou com que meus familiares entendessem que eram aquelas coisas simples que me traziam felicidade, e isso foi um grande incentivo”, detalhou o artista.

Durante seu tempo de escola, era convidado a participar de grupos de trabalho para ilustrar as capas. Depois, foi o desenhista da rua, ilustrando placas para vendedores de sacolé entre outros dizeres. Com o passar do tempo, Alisson relata que foi sentindo cada vez mais a necessidade de estar junto aos seus pares artistas, para aprimorar sua arte e trocar conhecimentos e técnicas.

“Em 1998 concluí o ensino médio; naquele momento tínhamos um governo tenebroso. Eu não tinha perspectiva de futuro algum. Quando cogitei as opções disponíveis para formação no antigo CTI me vi perdido”, recorda o patrono.

“O curso de Artes Visuais, da FURG, era ainda em modelo de licenciatura curta, com 15 vagas, era bem difícil ingressar. Naquela época também era o período dos cursinhos pré-vestibular; parecia impossível entrar em uma faculdade naquele contexto de fim dos anos 90”, continua o patrono. Ainda segundo Alisson, sua mentalidade foi mudando aos poucos. Em função de morar nos arredores da universidade, conhecia alguns professores do curso, e aos poucos, estes docentes também foram conhecendo o trabalho artístico de Alisson.

“Em seguida comecei a trabalhar na estação rodoviária do Rio Grande. Toda vez que alguém das artes me via por ali, vendendo passagens, rolava uma cara de decepção para mim; aquilo me dava uma sensação de que eu não tinha feito o dever de casa, eu devia estudar na universidade, mas o medo de fracassar era muito grande”, explicou Alisson.

Mesmo com medo, e incentivado pela sua família, em 2008 prestou o vestibular e conquistou a tão sonhada vaga na universidade. O ano, além de marcar a realização de um sonho de longa data, também marcou o momento em que Alisson recebeu sua primeira premiação em um concurso artístico, ainda que tenha sido um – em suas palavras -, “prêmio de consolação”. “Mesmo assim eu me senti um grande vencedor, um super-homem. Fiquei tão focado nisso que, desde então, comecei a participar de vários concursos, alguns eu nem conseguia a classificação, e assim insisti até ganhar a primeira posição”, apontou Alisson.

O patrono recorda que, até a 40ª premiação ainda mantinha a contagem, depois,  ao repetir premiações em anos consecutivos, perdeu a noção de quantos havia colecionado. Durante a pandemia, Alisson passou por um dos momentos mais complicados de sua vida, quando batalhou contra a morte ao contrair o vírus da Covid-19. Neste momento, seu trabalho ganhou um peso ainda maior, quando passou a registrar os acontecimentos do período em suas redes sociais, por meio de charges e outros produtos artísticos. Seu trabalho rodou o mundo e deu voz aos seus sentimentos mais profundos.

Música

Alisson também é dotado de outros talentos artísticos, como quando troca os pincéis pelas baquetas atrás da bateria. Após o bate-papo, subiu ao palco da arena cultural para apresentar o espetáculo “Nos Bares e Bailes da Vida”, ao lado dos músicos: Mauro Sá, Leonardo Rechia, Darlan Ortiz e Daniel Prado, com participação especial de Josen Ribas e Sandro Mendes. Na ocasião, o grupo apresentou clássicos da música popular brasileira, além de outras músicas folclóricas da região e da cidade do Rio Grande.

Alisson Affonso: Ilustrando Rio Grande

Alisson Affonso: Ilustrando Rio Grande

Secom FURG

Foto: Hiago Reisdoerfer/Secom FURG

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