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Pedro Fruet ganha prêmio internacional na área do meio ambiente

O titular da Secretaria de Município do Meio Ambiente (SMMA) da Prefeitura do Rio Grande, Pedro Fruet recebeu a confirmação de que o trabalho com o qual concorria no Prêmio Internacional da fundação inglesa Whitley Found for Nature, intitulado “Construindo pontes para incentivar a coexistência com o boto de Lahille no sul do Brasil”, foi um dos vencedores. O resultado lhe garantiu um prêmio no valor de 40.000 libras, quase R$ 300 mil. A premiação foi confirmada na semana passada, durante cerimônia virtual.

Pedro Fruet usará o prêmio Whitley para promover a coexistência entre as comunidades pesqueiras e este animal tão emblemático para região. O principal objetivo do projeto será reduzir a mortalidade dos botos em redes de pesca em uma das áreas pesqueiras mais movimentadas do Brasil.

A Whitley Fund for Nature (WFN) é uma instituição de caridade para a conservação da natureza que arrecada fundos e concede reconhecimento, treinamento e subsídios para apoiar o trabalho de líderes conservacionistas de base comprovados em todo o Hemisfério Sul. Um dos principais objetivos da WFN é apoiar líderes de base em países ricos em recursos naturais, mas sem recursos financeiros para a conservação. A WFN apoiou com 18 milhões de libras o trabalho de mais de 200 ambientalistas, beneficiando a vida selvagem e as comunidades em cerca de 80 países em todo o Hemisfério Sul.

Edward Whitley, fundador da Whitley Fund for Nature disse: “O trabalho vital de Pedro Fruet nos mostra que a conservação bem-sucedida tem a ver com a conexão entre as pessoas e nosso mundo natural. Pedro Fruet não está apenas protegendo uma espécie muito querida, mas está ajudando uma indústria a aprender como operar de forma sustentável para que possa continuar fornecendo meios de subsistência para as gerações futuras.”

A intensificação do esforço de pesca nas áreas costeiras devido a degradação do habitat e a sobrepesca levaram a um aumento no registro de botos mortos por redes de pesca. Devido a este severo impacto sobre a população de botos a pesca com redes de emalhe, foi proibida na porção final do estuário da Lagoa dos Patos e em suas áreas adjacentes em 2012. Porém, muitos desrespeitam a norma e esta medida continua ineficaz para redução da captura incidental. Com isso, a mortalidade por captura acidental se manteve em níveis insustentáveis, sendo responsável por 40% da mortalidade dos botos da região.

Pedro Fruet e sua equipe irão estreitar o relacionamento com a comunidadepara buscar uma solução. O objetivo é fornecer aos pescadores artesanais um espaço para compartilhar suas opiniões, desenvolver sua consciência sobre a conservação e se envolver na tomada de decisões. Pedro Fruet e sua equipe também irão treinar a população local para realizar a vigilância cidadã das águas protegidas, para aumentar a eficácia da zona de proteção.

O ambientalista rio-grandino acredita que “os botos são criaturas maravilhosas e têm a capacidade de nos mostrar que podemos desfrutar do mundo em harmonia com animais selvagens. Acredito que, ao promovê-los a uma espécie emblemática, podemos proteger todo o ecossistema e melhorar a vida das comunidades locais”. Sobre a premiação, ele falou que “é uma honra ser reconhecido pelo Whitley Fund for Nature”. E mais: “O financiamento nos permitirá aumentar nossos esforços e educar mais pessoas para se tornarem amantes da natureza e protetores ambientais. Trata-se de um trabalho que envolve muitas pessoas e por isso dedico este prêmio a toda equipe e apoiadores deste projeto.”

Os ganhadores do Prêmio Whitley de 2021 são:

  • Lucy Kemp, Africa do Sul:Uma abordagem da comunidade para a conservação do Calau-terrestre-meridional
  • NukluPhom, Índia:Estabelecendo um Corredor de Biodiversidade Pacífico em Nagalândia
  • IroroTanshi, Nigeria:Morcegos à beira do precipício – ação participativa para salvar o morcego de cauda redonda
  • Carlos Roesler, Argentina:Mergulhão encapuzado – guardião das estepes patagônicas
  • Sammy Safari, Quênia: Transformando o futuro das tartarugas do Quênia por meio do manejo costeiro
  • Pedro Fruet, Brasil:Construindo pontes para promover a coexistência com o boto de Lahille
  • A vencedora do Prêmio de Ouro da Whitley de 2021:

Paula Kahumbu, Quênia:Justiça para as pessoas e os elefantes

O boto (golfinho-roaz do Lahille)

De acordo com o site da WFN, “o golfinho-roaz do Lahille é um pequeno cetáceo costeiro endêmico do Atlântico Sul ocidental, encontrado em duas populações isoladas na Argentina e no sul do Brasil-Uruguai. O Estuário da Lagoa dos Patos e as águas costeiras adjacentes que abrigam essa espécie, também, são considerados um dos pesqueiros mais produtivos do Brasil, resultando em elevados distúrbios antrópicos para a fauna marinha. Na última década, uma média de 6 golfinhos morreram por ano devido à pesca – uma taxa insustentável para uma subespécie com menos de 600 indivíduos restantes”.

A WFN cita que a captura acidental – pela qual espécies não-alvo são, acidentalmente, capturadas e morrem – é responsável por pelo menos 40% da mortalidade de golfinhos na área. “A pesca com rede de emalhar foi proibida em 2014 com a criação de uma nova zona de captura proibida. No entanto, com as pessoas ainda dependendo da pesca para sua subsistência, a falta de consulta local e fiscalização insuficiente não conseguiu reduzir o emaranhamento acidental. Isso só vai piorar com as dificuldades econômicas causadas pelo Covid-19 e a aversão do atual governo em lidar com as crises ambientais”.

Pedro Fruet cresceu ao lado dos botos-de-Lahille, que são animais muito carismáticos e que também são conhecidos pela pesca cooperativa com pescadores artesanais no litoral do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O estuário da Lagoa dos Patos e suas águas costeiras adjacentes abrigam o maior número de botos de Lahille, que foram recentemente declarados um grupo distinto. Atualmente, o número de botos capturados acidentalmente e mortos com as artes de pesca é insustentável para uma subespécie com menos de 600 indivíduos vivos na natureza. No Brasil, a espécie é considerada como em perigo de extinção.

Uma zona de proteção para o boto foi criada em 2012, no Estuário da Lagoa dos Patos e costa adjacente, sul do Brasil, mas a falta de comunicação na implementação da norma e a dependência, cada vez maior, da pesca para obter renda não conseguiu reduzir as capturas incidentais dos botos em redes de pesca.

Conservação holística

Fundador da KAOSA, uma organização não governamental de caráter socioambiental e sem fins lucrativos, Pedro Fruet visa construir pontes entre a comunidade, os cientistas e as autoridades. Neste projeto, que será realizado em conjunto com o Museu Oceanográfico da Universidade Federal do Rio Grande – FURG, ele treinará a população local em gestão participativa e lançará um aplicativo de ciência cidadã para envolver e engajar o público local no cuidado da área de proteção ao boto.

Mensagem real

Durante uma celebração virtual, na tarde de 12 de maio, os contemplados com a premiação receberam mensagens de apoio do patrono da caridade HRH, The Princess Royal and Trustee, Sir David Attenborough, que disse: “Os vencedores do prêmio Whitley são heróis ambientais locais, aproveitando o melhor da ciência disponível e liderando projetos com paixão. Admiro sua coragem, seu compromisso e sua capacidade de influenciar a mudança. Existem poucos trabalhos mais importantes do que os deles.”

Assessoria de Comunicação Social – Prefeitura Municipal do Rio Grande

Foto: Divulgação

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