Inspira

Inquietude da noite de domingo

Não é com orgulho que falo das minhas assustadoras habilidades de deixar absolutamente tudo para a última hora. Independente do compromisso ou da tarefa em questão ser relacionado à escola, projetos próprios ou até mesmo um café com um amigo querido, decerto que estarei sempre um pouco mais atrasada do que seria aceitável. E quando o atraso não é, de jeito algum, uma opção, tenho uma habilidade ainda mais impressionante: resolver questões pendentes em tempo recorde – acompanhada de vários surtos internos. É daí que nascem as crises dominicais.

A crise inicial vem, naturalmente, da culpa de ter deixado tudo para a última hora, seguida de doses consideráveis de autocrítica por repetir o mesmo padrão de procrastinação mais uma vez. Pergunto-me, ainda, se de fato consigo tomar alguma atitude não tão deplorável, acompanhada pelo leve desespero: será que estou tomando todas as decisões erradas e estou desperdiçando minha ainda tão curta vida? Daí, não há tarefa que me demova da reflexão.

Analisar um momento de crise não nos dá um panorama claro da situação real, me sinto sábia enquanto repito isso para mim mesma. Estou cumprindo com minhas tarefas, fazendo o que é meu dever. Estou vivendo; trabalho é parte da vida. E não há nada de errado com uma carga de trabalho um pouquinho mais pesada aos domingos.

Mais tranquila, continuo com os trabalhos atrasados.  A crise não foi finalizada, jamais; apenas adiada. Quem sabe, viver não seja simplesmente o ato de evitar uma crise sempre que ela chega perto demais.

Autora: Valentina Pinheiro – Inspira

Foto: Pixabay

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