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Maternidade da Santa Casa do Rio Grande pode fechar

Em reunião na segunda-feira (25) foi discutido, novamente, o encerramento do serviço de maternidade prestado pelo Sistema Único de Saúde na Santa Casa do Rio Grande. Na reunião estavam presentes a Secretária Municipal da Saúde, Zelionara Branco, os conselheiros do Conselho Municipal de Saúde, a Santa Casa do Rio Grande e o Hospital Universitário (HU/Furg). O Conselho Municipal de Saúde emitiu nota após a reunião, informando que a Santa Casa diz que pretende encerrar os serviços da maternidade via SUS.

Confira a nota na íntegra

Nota do Conselho Municipal de Saúde

“A Santa Casa confirmou que pretende encerrar os atendimentos realizados pela sua maternidade pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em reunião nesta segunda-feira, dia 25/4, o Conselho Municipal de Saúde se reuniu com o objetivo de discutir sobre o fechamento da maternidade e as implicações da falta de assistência pela Santa Casa para a saúde da população rio-grandina. Hoje, a Santa Casa de Misericórdia é responsável por parte do atendimento na gestação e na realização de partos não apenas para os residentes de Rio Grande, mas também para os municípios da região para os quais o hospital é referência.

A gestão do hospital apresentou dados sobre as dívidas e quantidade de atendimentos de partos realizados por mês e ao longo dos últimos anos pela instituição. Entre as justificativas para o fechamento estariam a baixa quantidade de partos atendidos por mês, argumento facilmente questionável se considerado que a maternidade permanece com o serviço fechado durante diversos períodos, impossibilitando o atendimento à população. A questão orçamentária também foi trazida como motivo para o fechamento: os salários dos profissionais permanecem atrasados, inclusive sem o 13º salário, o que dificultaria a manutenção de profissionais interessados em atender na instituição.

Ocorre que o fechamento representa um retrocesso sem precedentes para a saúde em Rio Grande: caso se confirme, é de esperar que as cidadãs rio-grandinas terão um futuro sombrio de maternidade da FURG lotada, que passaria a ser a única do Município e que, conforme a Chefe do Centro Obstétrico Dra. Tânia Fonseca, não tem como assumir sozinha todos os atendimentos obstétricos da cidade, bem como peregrinação em busca de atendimento nos municípios vizinhos A peregrinação durante o trabalho de parto e emergências obstétricas é conhecidamente um fator de maior adoecimento e morte materna, agravando a realidade já delicada do município e colocando em maior risco as mulheres e bebês da cidade e de toda a região atendida pela Santa Casa.

Ao que tudo indica, já nesta quinta-feira a Secretária de Saúde virá a Pelotas para sacramentar o fechamento da maternidade e, no dia seguinte, reunião da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) deve redistribuir as referências em obstetrícia até então atendidas pela Santa Casa. O Conselho Municipal de Saúde do Rio Grande aprovou posição contrária ao fechamento da maternidade, em face dos argumentos apresentados e do flagrante retrocesso que o fechamento do serviço representará. É urgente que todos os rio-grandinos, principalmente as forças políticas do município, se mobilizem para que haja uma solução alternativa ao fechamento do serviço que, caso se concretize, representará um retrocesso e uma grave ameaça à saúde e integridade de mulheres e bebês”.

Conselho Municipal de Saúde de Rio Grande.

Entenda

Há 8 meses tem ocorrido sucessivos fechamentos temporários da maternidade do hospital da Santa Casa que é referência para o atendimento de Rio Grande, São José do Norte e mais três municípios da região. Segundo a instituição, as situações ocorrem devido à dificuldade de conciliar a escala médica e portanto, sem conseguir atender à demanda.

Maternidade da Santa Casa do Rio Grande corre o risco de fechar

A Secretária de Município da Saúde explicou que a Santa Casa do Rio Grande alega que não possui números de partos suficientes para que não tenha perda financeira. A gestora da pasta diz que o hospital informa que realiza 30 partos ao mês através do SUS, os demais, são de convênios ou privados. No entanto, o HU já ultrapassou 140 partos realizados ao mês, e somente em um final de semana que a Santa Casa do Rio Grande estava com a maternidade fechada, foram 15 partos realizados na instituição. O HU é referência no atendimento a gestantes de alto risco, atende 22 municípios da região e têm sofrido com a superlotação da maternidade.

Zelionara diz que há uma baixa produção do SUS para a maternidade da Santa Casa e isso traz um déficit financeiro para a instituição. “O hospital hoje é referência para Rio Grande, São José do Norte e mais três municípios da região. Portanto, a produção é baixa, e eles não conseguem obter o recurso financeiro do SUS que mantenha o serviço da maternidade em funcionamento.”

Segundo a secretária o governo do Estado foi na Santa Casa do Rio Grande, fez uma avaliação, mas ainda não há uma informação com decisão final sobre o assunto.

A Santa Casa do Rio Grande foi contatada e deverá retornar nas próximas horas. Esta matéria será atualizada para acréscimo de informações. Acompanhe em nosso site e redes sociais.

Jornalista Thuanny Cappellari/RIO GRANDE TEM

Foto: Divulgação

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