NotíciasRio Grande

FURG desenvolve modelo de risco específico para Rio Grande em parceria com Prefeitura Municipal

Distanciamento social tem critérios definidos para cada tipo de atividade econômica não essencial

Uma série de lives realizadas pela Prefeitura Municipal do Rio Grande (PMRG) nos últimos dias tem se dedicado a explicar o Modelo Papareia de Distanciamento Social Controlado. A iniciativa, que entrou em vigor neste final de semana, cria um sistema de risco próprio para o município durante a crise do coronavírus. A exemplo do modelo do governo do Estado, as bandeiras amarela, laranja, vermelha e preta determinam também a maior ou menor flexibilidade das atividades econômicas.

Nos vídeos, são presença constante o vice-reitor da FURG, professor Danilo Giroldo, e o professor Tiarajú Alves de Freitas, do Instituto de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis da universidade. A cargo deles, a explicação dos critérios técnicos do modelo, desenvolvido em parceria entre uma equipe de professores de diferentes áreas da FURG e a PMRG.

“Em maio, quando o governo do Estado lançou o método de distanciamento social, reunimos um grupo da FURG, com participação dos professores que integram o Comitê Científico Estadual para o coronavírus para compreender e avaliar o modelo do Estado. Foi identificado que o modelo tem uma base consistente, mas também que deveria ter ajustes para ser aplicado no município”, conta Giroldo, que levou a proposta ao Comitê Técnico Municipal em Saúde, do qual faz parte. Assim, foram cerca de um mês e meio de trabalho para chegar no modelo que agora entra em vigor com o indicativo de cor mais grave do sistema de risco: a preta.

Com base na metodologia do governo do Estado foi desenvolvido o modelo local, levando-se em conta como especificidades rio-grandinas a grande mobilidade e a presença de muitas “portas de entrada” no município em função das atividades pesqueiras e portuárias. “A fase inicial de elaboração do estudo foi a análise de indicadores para a formulação da bandeira. A gente individualizou alguns indicadores e regionalizou outros, alterando os pesos para os cálculos da bandeira para que reflita melhor o cenário do município”, conta Giroldo. “A segunda parte foi a definição dos protocolos de funcionamento das atividades econômicas para cada bandeira”. No sistema local, a ingerência é apenas sobre as atividades não essenciais, já que as essenciais são reguladas pelo governo do Estado.

“O papel da universidade foi contribuir para a formulação da política”, salienta Giroldo, observando que a instituição não atuará na execução ou fiscalização da política, que são atribuições do Executivo municipal. Para o vice-reitor, o envolvimento da universidade no estudo cumpre uma função social em relação à comunidade: “Como os sistemas federal e estadual não trabalham com a paralisação de todas as atividades não essenciais, a ideia do modelo é oferecer e dar suporte para um sistema de avaliação de risco local, de modo a sinalizar claramente para a população como está a gravidade da propagação e do sistema de saúde. Com isso, a proposta é que o risco seja o menor possível”, afirma.

O que muda em relação ao sistema estadual

São três os pontos fundamentais em que o modelo local se diferencia do estadual. Saiba mais sobre cada um deles:

  • Maior peso para os indicadores regionais e municipais

O professor Tiarajú Alves de Freitas explica que metade dos indicadores nos modelos se refere à propagação e a outra metade à infraestrutura hospitalar. “Quando propusemos a metodologia, consideramos que a bandeira de Rio Grande deveria levar mais em conta os dados locais de leitos hospitalares do que aqueles da macrorregião. A gente está dando maior importância a Rio Grande e sua proximidade com a região”, explica.

“Nosso objetivo foi trazer para a população uma análise mais próxima da sua realidade, do que está acontecendo no município, mas não deixar de lado também a importância regional, porque o sistema de saúde é articulado em rede”, observa Freitas.

  • Maior restrição do teto de operação e do teto de ocupação dos espaços nas atividades econômicas

Com relação às atividades econômicas, o principal indicador do Estado utilizado para ponderar a segurança e a relevância de cada uma delas é o Índice Setorial de Distanciamento Controlado (ISDC).  Foi aí que o grupo de estudos da FURG percebeu uma fragilidade no modelo do Estado: como aplicar este índice para as diferentes atividades econômicas conforme a variação de bandeiras.

Foram desenvolvidos para o Modelo Papareia 13 níveis de distanciamento social, a partir do ISDC. Isso quer dizer que conforme a segurança da atividade e a bandeira no município há indicações sobre o percentual da força de trabalho permitida (que nunca é maior que 50%, mesmo em bandeira amarela) e também o nível de distanciamento social, ou a distância entre os trabalhadores. Para garantir o distanciamento mínimo de 2 metros entre as pessoas, o cálculo é uma pessoa a cada 16 metros quadrados. Porém, quando as bandeiras apontam risco maior, aumenta a distância, podendo ser uma pessoa até 100 metros quadrados. Tanto a ocupação nos locais de trabalho quanto o distanciamento, são mais rigorosos no modelo local.

  • Possibilidade de avaliação qualitativa do Comitê

Outro indicador do modelo local é a “regra de avaliação qualitativa da bandeira”. Isso quer dizer que o Comitê Técnico Municipal tem autonomia, desde que com justificativa sólida, para elevar a bandeira para além do que os números indicam.

“A janela de informações que geram os dados de Rio Grande vai até quinta-feira de cada semana. O comitê técnico se reúne, analisa cada um dos indicadores que formaram a respectiva cor da bandeira para a semana seguinte e, de forma qualitativa, observa o que foi calculado pelos indicadores, mas também a ocorrência de sinais de agravamento da situação da pandemia nos dias subsequentes à quinta-feira”, explica Freitas.

Foi o que aconteceu na estreia do funcionamento do modelo: o indicador apontou 1,93 como resultado, o que significaria bandeira vermelha. Mas a análise do Comitê indicou a bandeira preta. Foram decisivas para a definição o registro, de quinta para sexta-feira, de 51 novos casos, bem como a falta de medicamentos no município.

A partir de agora, todas as sextas-feiras inicia o período de monitoramento dos dados. Nas quintas-feiras, os indicadores semanais são avaliados e cruzados com os dados do Estado, determinando a cor da bandeira para avaliação do Comitê Municipal, o que ocorre nas segundas-feiras. A população pode acompanhar o monitoramento diário dos indicadores e todas as explicações relativas ao modelo no site riogrande.rs.gov.br/distanciamento.

Assessoria de Comunicação Social da FURG

Foto: Divulgação FURG

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.