Apocalipse (a Lua agia estranha)
A lua agia estranha. Parecia cortada ao meio. E ficava maior e maior e maior. Não demoramos a perceber que era isso: ela caía sobre as nossas cabeças.
Então, libertamos os presos e percebemos que seus crimes não eram tão extraordinários assim.
Saqueamos e furtamos.
Assassinamos e fomos assassinados.
Atiramos nos imbecis, logo após chamá-los de gênios e, então, aplaudimos suas banalidades chorando sobre seus corpos esburacados e inchados por vermes.
E não houve tempo para as calotas polares derreterem, nem para os anjos soarem suas trombetas. Os quatro cavaleiros estavam com as calças curtas. E ela tocou o chão, poupando apenas a pureza da natureza que, havia muito, fervia em chamas.
Autor: Pedro Porciúncula/Inspira
Foto: Pixabay