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Acordo garante recurso para navio de pesquisa da Marinha por três anos

Um acordo de governança assinado hoje (29) no Rio de Janeiro vai garantir por três anos o custeio e manutenção do Navio de Pesquisa Hidroceanográfico Vital de Oliveira, uma embarcação da Marinha do Brasil adquirida pelo governo federal em parceria com a mineradora Vale e a estatal Petrobras para auxiliar em pesquisas na costa brasileira. O processo de compra do navio começou em 2012 e o equipamento chegou ao Brasil em julho de 2015, construído por uma empresa norueguesa em um estaleiro na China.

Segundo o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), a própria pasta, a Marinha do Brasil e a Petrobras vão investir no navio R$ 18,7 milhões, cada, no período de três anos. A Vale vai repassar R$ 1,45 milhão e a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), R$ 17,2 milhões no mesmo período.

O investimento inicial para a aquisição do navio alcançou R$ 162 milhões, sendo R$ 70 milhões da Petrobras, R$ 38 milhões da Vale, R$ 27 milhões do MCTI e R$ 27 milhões da Marinha, por meio do Ministério da Defesa.

A embarcação tem cinco laboratórios e capacidade para até 60 cientistas, permitindo pesquisas em áreas como mudanças climáticas, economia da pesca e geologia. Entre seus recursos tecnológicos, está um veículo de operação remota (ROV) para operar a até 4 mil metros de profundidade.

O comandante da Marinha, almirante de esquadra Leal Ferreira, explica que o acordo vai possibilitar a ampliação da capacidade de pesquisa hidroceanográfica da Força, “em prol de toda a ciência brasileira”. “O Brasil guarda uma imensidão de riquezas minerais e biológicas nas suas águas e na plataforma continental. Vai ser por intermédio dessas pesquisas que nós vamos ter acesso a essas riquezas e, principalmente, a maneira mais sustentável de utilizar essas riquezas”, disse o almirante, na cerimônia de assinatura do acordo.

Pesquisa nos oceanos

No acordo assinado hoje, além dos parceiros iniciais, foi incorporada a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) – Serviço Geológico do Brasil. Segundo o almirante, o convênio marca uma “profunda guinada na maneira como fazemos ciência nos oceanos brasileiros”.

“A pesquisa científica não é só o investimento inicial. O custeio é muito caro. O investimento inicial foi feito com esses entes e agora a continuação da manutenção do navio será mantido por eles mais a CPRM, o que vai permitir que a gente opere o navio no seu limite”, afirmou.

O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, destacou a importância da pesquisa oceanográfica para a geração de empregos e alimentos para a população brasileira.

“Mais do que regras, é o modelo de governança, um compartilhamento de uso, com isso trazendo mais eficiência nesse uso, reduzindo custo, permitindo avançarmos com mais rapidez em diversas áreas na pesquisa, na ciência, na inovação, naquela que é a nossa Amazônia Azul [mar territorial do país]”.

Marco histórico

O diretor da CPRM Antônio Carlos Bacelar, disse que o acordo é um marco histórico para a ciência do nosso país. “É preciso avançar nos estudos do fundo do mar e esse navio hidroceanográfico vai, sem sombra de dúvida, trazer uma aproximação maior entre os Entes Federativos que estudam a geociência, a biologia e a biota do fundo do mar, que tem tantas surpresas para se tornar realidade para o povo brasileiro. Nosso país vai continuar na vanguarda pra preservar os recursos do mar”, garantiu.

O representante da Petrobras, Gustavo de Castro, informou que a empresa investiu no projeto desde o começo e tem interesse nas áreas de meio ambiente, geotecnia, sedimentologia, estratigrafia e oceanografia. “Naquele momento [2012], entendeu a Petrobras que contribuir para prover essa infraestrutura laboratorial para o desenvolvimento da pesquisa, ciência e tecnologias marinha era estratégico para o país. Hoje, reiteramos a disposição da Petrobras em participar ativamente da governança do navio e do seu comitê científico, tentando convergir as nossas expectativas e dos outros partícipes para o alcance dos melhores resultados nas incursões científicas que serão empreendidas”.

Segundo o almirante Leal Ferreira o navio é usado em benefício das instituições parceiras, cada qual com as suas necessidades e os seus interesses de pesquisa. “Nós vamos fazer, ao longo do ano, uma divisão de tempo para atender a todas as necessidades desses parceiros. E a própria Marinha tem as suas necessidades de pesquisa”.

Projetos em andamento

O almirante explica que um dos projetos de pesquisa em andamento é sobre a Elevação do Rio Grande, localizada em águas internacionais no Atlântico Sul, a mais de 1,1 mil quilômetros da costa brasileira. “É uma região em frente ao Rio Grande, um pouco afastada da costa brasileira, que é muito rica em minerais. Tem uma crosta cobáltica e tem a possibilidade de ter terras raras [metais que servem de matéria-prima para itens de tecnologia], tem outros países inclusive que já pediram áreas ali para pesquisar e depois explorar economicamente. Tem um potencial muito grande”.

O Navio de Pesquisa Hidroceanográfico Vital de Oliveira também foi usado para um estudo sobre o impacto da lama dos rejeitos da barragem da mineradora Samarco que rompeu em 2015, no município de Mariana, em Minas Gerais, provocando poluição ambiental na bacia do Rio Doce e no litoral norte do Espírito Santo.

Agência Brasil

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

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