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Quem é Severo Mendes?

Eu era um adolescente quando escutei o álbum “O Caminho Inverso”, do saudoso Azul Revés. Quem me apresentou foi o Maurício, amigo meu que também era (e ainda é) amigo do baterista da banda. Não foi amor à primeira ouvida, pois eu sustentava marra de metaleiro e não me deixava encantar por Pop Rock. Algumas audições atentas depois, estava apaixonado pelo som, pelas letras, pelas vozes de Charlie Sobrinho e Gratus Martins Costa. Virei fã, eu e toda minha família.

Fui a shows, num lance meio tiete. Lembro de um no Teatro Municipal e outro no Centro de Eventos. A música na cidade estava em efervescência, e o Azul Revés era um dos culpados. Fiz banda, compus músicas e até visitei o estúdio de ensaio dos caras. Nenhum deles, obviamente, lembra de mim daquela época. Mas eu nunca os esqueci.

Daí, como tudo em RG, a banda encerrou atividades, ou entrou num hiato eterno. O que bem aconteceu, eu não sei. Apenas o perceptível vazio musical que eles deixaram foi bem concatenado por mim. Perdi a referência dos músicos. Tinha dois deles nas redes sociais, mas não acompanhava mais o trabalho dos caras. Sabia apenas que o Charlie trabalhava com covers do U2, o baterista Márcio tinha um estúdio de gravação e o Gratus escrevia livros e os lançava com seu nome verdadeiro (eu acho), Sandro Martins Costa Mendes. Mas não via nenhum lançamento de trabalhos musicais novos. Até que me apareceu um tal de “Severo Mendes” no Facebook, num post misterioso sobre algo que estava por vir.

O post era bem criativo e um pouco dissonante de tudo em meu feed. Comentei algo como “curti o lance diferente”, e o Sandro, antigo Gratus, respondeu. Opa! Sinal de alerta. O Sandro vai lançar um livro de poemas. Fiquei esperando. Dias depois, me apareceu um álbum completo do cara, sob o pseudônimo “Severo Mendes” – que eu adorei, inclusive.

Claro, parei pra ouvir. E tchê, que belezura! Intitulado “Canções de amor, loucura e morte”, o play é todo tocado a baixo, piano e vocal, num charme que só o Pop do sul do continente faz. A voz do Sandro (o Severo) não envelheceu um ano – a interpretação é fora de concurso pra região. A cozinha é vibrante, o piano é Rock/Pop/Jazz e sei lá mais o que. E tem as letras. Sandro é um literato que merece atenção, não permitindo que se entenda todas as mensagens numa primeira audição. Em especial, “Sexto Sentido” e “Semelhança” meio que falam comigo, para o bem ou para o mal. Ali no meio tem alguma que vai falar com você, quem quer que você seja ou queria ser.

Graças a qualquer divindade que você possa colocar nos céus temos um disco novo, novinho, inspirado, autoral, sincrônico e atemporal para chamar de nosso. Bem, o Severo Mendes não mora em Rio Grande, mas é como se morasse. Pelo menos na geografia afetiva dos fãs de música, Gratus, Sandro e Severo moram na mesma cidade, a cidade de quem tá esperando que um artista dê uma coringada e saia dos bares de covers pra dar seus gritos em nossos ouvidos.

Eis algo novo!

Valeu, Sandro, Gratus e Severo!

O disco você pode ouvir aqui => https://music.youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_nYC2iGi0PraXX3rvbY4P3-oEnG0qWn5Dg

Rody Cáceres

Professor e Escritor dos livros: “A Barata Pacifista” e “O Curandeiro“.

Siga no Instagram: @rodycaceresescritor

Foto: Pixabay

2 thoughts on “Quem é Severo Mendes?

  • Legal o texto, mas faltou citar um dos ícones do Azul Revés MÁRCIO HERNANDEZ
    Grande abraço
    Paulo ricardo

    Resposta
  • Azul Revés também contava com o guitarrista MÁRCIO HERNANDEZ
    Grande abraço
    Paulo ricardo

    Resposta

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