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Projeto Caminho Marinho, Guarda Municipal Ambiental e FURG removem tartarugas-cabeçudas encalhadas na Praia do Cassino

As equipes retiraram do local cinco tartarugas da espécie, que infelizmente foram encontradas sem vida na areia da praia

A Guarda Municipal Ambiental de Rio Grande, o Projeto Caminho Marinho e o Laboratório de Estatística Ambiental da FURG realizaram, em 1º de fevereiro, a remoção de cinco tartarugas-cabeçuda (Caretta caretta) das areias da praia do Cassino. Os animais foram encontrados sem vida na extensão da Orla da Praia. A ação faz parte de um trabalho de monitoramento das tartarugas-marinhas realizado no balneário o ano inteiro, no percurso que vai do Navio Altair até os Molhes da Barra.

A equipe da Guarda Ambiental auxiliou com viatura para o trabalho de remoção, realizado pelas equipes do Laboratório e do Projeto. O oceanólogo do Laboratório de Estatística Ambiental Gustavo Martinez Sousa – que também integra o Caminho Marinho – explica o trabalho: “A FURG desempenha um programa de monitoramento das tartarugas-marinhas na região. A gente desenvolve este acompanhamento, tantos dos animais vivos, quanto para os animais que, emergencialmente, precisem do nosso atendimento, pelo encalhe ou pelo óbito na praia”, conta.

O especialista narra que através do estudo da alimentação da tartarugas é possível compreender uma parcela do histórico de vida desse animal, anterior ao seu óbito, encalhe na praia e provável causa da morte. De acordo com Gustavo, os cinco animais encontrados na praia do Cassino demonstravam um alto grau de decomposição interno, o que indicaria que as tartarugas já haviam morrido no mar com estimativa de período entre 5 e 20 dias.

Petrechos de pesca proibida e ingestão de rejeitos de pesca

Na análise realizada pelo Laboratório as equipes encontraram redes de pesca que não são características da frota pesqueira do Rio Grande do Sul. Dois dos animais estavam com petrechos de pesca diretamente presos aos seus corpos . “Pelo tamanho da malha e pela característica da malha, potencialmente é material de pesca de emalhe de embarcações de Santa Catarina, que nesta época do ano vem pescar na região. O material também pode ser parte daquilo que nós chamamos de ‘redes fantasmas”, restos de material de pesca que ficam bioando e flutuando no oceano”, conta Gustavo.

Entre os animais analisados, em três deles (menos saudáveis) ficou demonstrada a ingestão exclusiva de itens normalmente associados a rejeitos de pesca. Segundo Gustavo, as tartarugas mais fragilizadas acabam se “associando” às embarcações de pesca, seguindo e interagindo com estas embarcações, uma vez que a área de pesca se sobrepõe à área de alimentação das tartarugas. “A atuação da pesca começa a influenciar no hábito de algumas tartarugas-marinhas. Vai existir, naturalmente, interação entre as tartarugas-marinha e a atividade pesqueira que estiver comercialmente autorizada. Mas nos assusta que os animais tenham sido encontrado com uma arte de pesca que, atualmente, é proibida, o que indica que não só as tartarugas, mas outras espécies estão sofrendo com atividade de pesca ilegal, infelizmente”, conta.

Pescadores artesanais parceiros

Por outro lado, a boa notícia é que os pescadores artesanais de Rio Grande e São José do Norte apoiam projetos de pesquisa e conservação de tartarugas-marinhas. Fazem isso como parceiros, registrando as capturas e os animais vivos para seguimento destes animais a longo prazo.

O oceanólogo do projeto aponta que, embora os episódios de mortalidade ocasionados pela pesca, é fundamental que se caminhe junto com pescadores em busca das melhores soluções ecológicas, econômicas e sociais tanto para a pesca quanto para a conservação das tartarugas-marinhas . “Os pescadores artesanias de Rio Grande e São José do Norte que auxiliam o projeto registram para a gente em torno de 50 animais por ano, vivos, que estão marcados e liberados de novo para o mar. Somos a 5ª comunidade pesqueira do Brasil que mais registra tartarugas-marinhas vivas para pesquisa e conservação”,

Guarda Ambiental de Rio Grande

A Guarda Ambiental Municipal que auxiliou as equipes do Laboratório e do Projeto na praia foi criada em novembro do ano passado. A equipe é formada por servidores qualificados para atuação focada na proteção ambiental e tem como funções a proteção do patrimônio ecológico do município, a fiscalização de áreas de relevante interesse ambiental, o zelo pelos recursos naturais, a cooperação com demais órgãos de defesa civil e a coibição de atos infracionais contra o meio ambiente, entre outras ações. Para o desenvolvimento do seu trabalho a Guarda Ambiental conta com uma viatura, lancha, câmeras, drone e rádios.

Assessoria de Comunicação PMRG

Foto: Guarda Municipal Ambiental

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