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Polícia Federal resgata criança e apura violência cometida por meio de aplicativo

Menina de 12 anos de idade era estimulada a praticar autolesões

Agentes da Polícia Federal no Rio Grande do Sul investigam atos infracionais, como incitação à automutilação e abuso infantil, supostamente cometidos por adolescentes por intermédio da plataforma Discord.

Uma menina de 12 anos de idade, vítima desses atos infracionais, que era estimulada a praticar autolesões, foi resgatada da situação na noite de quinta (20). Os policiais apreenderam o computador, com o qual ela se comunicava com adolescentes suspeitos, para a perícia científica.

Os policiais descobriram a situação a partir da denúncia do pai da menina. A ação contou com o acompanhamento de uma psiquiatra do Centro de Referência em Atendimento Infantojuvenil (Crai).

Em conversa com a adolescente, a médica confirmou que havia autolesões. A menina foi encaminhada para outros exames físicos e psicológicos, conforme informou a assessoria de imprensa da Polícia Federal.

Risco

O Discord se transformou um aplicativo popular entre os jovens e é alvo de investigações por causa de canais com conteúdos que fazem apologia ao nazismo, racismo, pedofilia e exploração sexual.

A organização não governamental (ONG) Safernet explica que o aplicativo tem diversas funcionalidades, entre elas, ser um fórum de bate-papo. Na avaliação da entidade, a plataforma deveria ser mais proativa no desenvolvimento de ferramentas e políticas que ajudem a conter a veiculação de conteúdos criminosos.

Operação Pessinus foi deflagrada em quatro estados

Um grupo acusado de uma série de crimes virtuais, incluindo incitação à automutilação, violência psicológica, extorsão sexual e ameaça, foi alvo de ação policial nesta segunda-feira (21), em quatro estados. A Operação Pessinus foi deflagrada em atuação conjunta do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), a Polícia Civil do Piauí e o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC). Foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão e dois de internação provisória, de adolescentes dos estados do Piauí e de Mato Grosso. Um deles, de 13 anos, é apontado como o mentor intelectual dos crimes. Após pedir fotos íntimas para as vítimas, ele passava a chantageá-las, induzindo à prática de crimes. Além disso, cooptava outros jovens a cometer extorsão sexual. O outro adolescente apreendido tem 17 anos.

Os investigadores apuram a prática da crimes de constrangimento ilegal, ameaça, violência psicológica contra a mulher, estupro de vulnerável, apologia de crime ou criminoso, incitação à discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, todos praticados em aplicativos de mensagens da internet. As investigações foram conduzidas pelo Laboratório de Investigações Cibernéticas da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Ciberlab/Diopi/Senasp), pela Diretoria de Inteligência da Polícia Civil do Piauí e pelo Grupo de Investigação de Crimes Cibernéticos (CyberGaeco) do MPSC.

O adolescente apontado como mentor intelectual dos crimes possuía perfis de culto a símbolos nazistas e automutilação. Além de idolatrar e propagar imagens de autores de massacres escolares, segundo a investigação, ele divulgava links de grupos que continham conteúdos de tortura, pedofilia, violência contra animais e pessoas. Diante de ameaças, o adolescente exigia que uma ex-namorada realizasse automutilação em frente às câmeras.

Dentre os perfis identificados inicialmente pelos promotores que atuam em Santa Catarina, um tratava-se de uma adolescente que, pelos indícios verificados, tinha a intenção de incendiar uma escola. Durante o percurso da investigação, no entanto, a polícia descobriu que ela estava sendo vítima de extorsão sexual, onde era chantageada a praticar crimes sob ameaças de que teria fotos íntimas divulgadas.

Os mandados de busca e de internação provisória foram cumpridos nas cidades de Ilha Grande (PI), Biguaçu (SC), Lucas do Rio Verde (MT) e Macaé (RJ). “Hoje, a quantidade de crimes cometidos em meio cibernético já é maior que os cometidos fisicamente. Os pais e sociedade têm papel fundamental nesse contexto, devendo proteger as crianças e adolescentes por meio da orientação e acompanhamento. Abusos não serão tolerados em nenhum meio”, alertou o diretor de inteligência da Polícia Civil do Piauí, Anchieta Nery.

Vulnerabilidade

Durante lançamento do Programa de Ação na Segurança (PAS), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, enfatizou a necessidade de proteger as crianças e adolescentes também de situações e crimes praticados com o suporte de tecnologia.

“Hoje fizemos uma operação enorme em vários estados em razão de mutilações, apologia de neonazismo e abuso sexual envolvendo adolescentes aglomerados em plataforma de tecnologia”, lamentou.

Ele testemunhou que há imagens de adolescentes mutilados que se violentaram. “Isso não é uma sociedade pacífica, não é uma sociedade saudável”, afirmou.

Agência Brasil

Foto: Pixabay

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