Monumento ao homem vivo
Todas as gavetas estavam abertas. As lápides caídas, os mausoléus arrombados, a cidade em ruínas.
Nenhum som no decorrer da noite, nenhuma perturbação. Ninguém para elucidar o acontecido.
De pá na mão, o coveiro perambulou pelas ruas vazias à procura de uma alma viva. Estava só.
Ajoelhou-se frente a um monumento erguido em homenagem ao único sobrevivente.
Na placa fixada no mármore reconheceu seu próprio nome e data de nascimento. O último homem na Terra. Condenado a viver eternamente em completa solidão.
Mas o que mais lhe perturbava era não saber quem erguera o tal monumento.
Autor: Rody Cáceres/Inspira
Foto: Pixabay