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Memórias rurais da antiga cidade…

“Povo Novo”, distrito tri antigo. Ele nasceu “Pueblo Nuevo del Torotama”, na invasão dos espanhóis, em 1763. Quando corremos os castelhanos, em 1776 ficamos sendo o “Povo Novo”. Nome bonito, bicentenário. Te mete. Imaginas tu criatura, os batizados, casórios e óbitos na Igreja das Necessidades, tem assento desde 1795. Outra coisa, tinha açoriano, bah! E no princípio do povoado, muito trigo plantado.

Por lá, tem lugares que poucos conhecem, as “Alegrias”, que ninguém sabe ao certo onde começa ou termina. Já, o povoado “Capão Seco”, nasceu com a sua estação do trem de manutenção da linha, e não te esquece, pelo amor de Deus, que a linha férrea é de 1884, mas aquela região ali era o “Rincão Bravo”. Nome forte, imponente. Naquelas bandas, a “Barra Falsa”, enganou muito comandante de barco pensando que era a barra do São Gonçalo. Tudo bem, nada contra o “Barro Vermelho”, embora vermelho, vermelhão mesmo nunca vi.

E nome de santos no interior? Nadica de nada. Não foi o nosso forte. Nós gostamos do substantivo adjetivado. O “Banhado do Silveira”, gente boa era o José de Brum Silveira, E a “Roça Velha”? Caminho antigo das tropas para as charqueadas. Gosto dos nossos nomes, embora vivamos em uma cidade que pouco lhes dê valor. Esses nomes e locais resistem ao tempo através das memórias vivas. São identidades de um povo!

“Vila da Quinta” é um nome interessante. Parece um dia da semana, mas não é. É uma Quinta mais simbólica, que se arrastou no tempo das quintas portuguesas de frutas e verduras nos anos 1776, por esses cantos.

Temos poucas localidades com nomes de mulheres…, a “Quitéria” já teve até Tese de Doutorado sobre essa figura. Bem como terras e escravos à vontade no seu inventário. Já, homens são maioria e nada de estrangeiros aqui fora. O “Leonidio” da ilha, sujeito complicado era esse. De herança ganhou a “ilha do Machadinho”, que era seu pai e pronto. Sortudo foi esse charqueador.

Poucos indígenas né, chato isso. O “Taim”, terra de um dente, e a “Torutama”, terras dos tatus, salvam a pátria.

Tem o “Ciola”, ali do km 10, e o seu “Bolaxa”, com direito ao “X” e tudo nas bandas do Cassino. E a “Palma”? Em todos os lugares existem palmas, mas o nosso é o mais antigo. Boa, muito boa! Tem a “Estrada Real da Palma”, desde 1777. Somos os primeiros, viva!! E viva é a História rural da cidade do Rio Grande, ainda a ser pesquisada, desbravada e valorizada.

Cledenir Vergara Mendonça – Historiador

Foto: Divulgação

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