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Largo da Praça Tamandaré receberá o nome de Carmen da Silva

“Carmen da Silva morre muito jovem para todos nós. Pra onde quer que ela esteja indo, o pessoal de lá que se cuide, porque ela vai balançar o coreto”. Marina Colasanti, escritora brasileira, escreveu essas palavras no dia da morte de Carmen, 29 de abril de 1985, no Rio de Janeiro.

Mais de três décadas depois, no ano em que comemoramos o centenário do seu nascimento (31/12/19) a escritora e jornalista recebe uma homenagem e um reconhecimento importante da sua terra natal, a cidade do Rio Grande. Nos dias 8 e 9 de novembro um grande evento acadêmico, aberto à comunidade, o Seminário Internacional para Ler Carmen da Silva, reuniu pesquisadores, pesquisadoras, leitores, ex-amigos e autoridades do município para rememorar e discutir a sua obra literária na Biblioteca Rio-Grandense. O evento foi organizado pela Professora Doutora Núbia Hanciau e pelo Professor Doutor Francisco das Neves Alves, com o apoio da Prefeitura Municipal do Rio Grande (programa Rio Grande Comvida e Secretaria de Município da Cultura), Universidade Federal do Rio Grande e Biblioteca Rio-Grandense.

Na oportunidade, o prefeito Alexandre Lindenmeyer, que esteve acompanhado pela primeira-dama, Eunice Lindenmeyer, pela coordenadora de Políticas para as Mulheres, Maria de Lourdes Lose, pelo secretário de Cultura, Ricardo Freitas, pelo secretário de Comunicação e Relações Institucionais, Tiago Collares, e pela secretária do Gabinete de Programas e Projetos Especiais, Darlene Pereira, anunciou que nomeará um Largo em homenagem à escritora rio-grandina, tida como uma das precursoras do feminismo brasileiro. Embora a obra de Carmen seja reconhecida em todo o Brasil sobretudo, nos grandes centros do país, como o Rio de Janeiro, e em países onde residiu e deixou seu legado cultural, como o Uruguai e a Argentina, fora do meio acadêmico, a escritora ainda é pouco conhecida pelos rio-grandinos e rio-grandinas.

Na Universidade Federal do Rio Grande (FURG), quatro dissertações de mestrado pesquisaram a autora, que teve sua obra estudada em uma dissertação na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), em uma tese de doutorado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e em uma tese de doutorado na Universidade de São Paulo (USP). A Professora Doutora Nubia Hanciau (FURG) é uma das maiores pesquisadoras sobre a vida e obra de Carmen, tendo coordenado e incentivado produções científicas sobre a autora na universidade por meio do projeto “Carmen da Silva, uma rio-grandina precursora do feminismo brasileiro”.

Com o objetivo de ampliar ainda mais o conhecimento da sua obra e importância na defesa dos direitos das mulheres, o Largo Carmen da Silva será inaugurado na Praça Tamandaré, nas imediações do coreto. Coreto citado por Marina Colasanti e que será “balançado” também em Rio Grande, com a memória viva de “uma vida que valeu a pena”, conforme pontuou o escritor Affonso Romano de Sant’Anna, em sua coluna do Jornal do Brasil, datada em 05/05/1985.  O projeto é uma proposição da Bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara Municipal, assinado pelo vereador Rovam Castro e subscrito pela vereadora Professora Denise e pelos vereadores André Lemes, Luciano Gonçalves e Benito Metalúrgico. Em votação no Legislativo, foi aprovado por unanimidade.

“A Eunice [primeira-dama] deu a sugestão que me pareceu bem justa para o momento, sobretudo, por tratar-se de um espaço que todos nós conhecemos e  valorizamos bastante. A ideia é que possamos transformar aquele Largo, onde temos o coreto da Praça Tamandaré, em um espaço de valorização da obra, do legado e da memória de Carmen da Silva. Uma homenagem à Carmen, à todas as mulheres do Rio Grande e do nosso país”, concluiu o prefeito Alexandre Lindenmeyer.

Seminário Internacional comemora o centenário da autora

Com início no dia 6 de novembro, o Seminário Internacional Para ler Carmen da Silva ocorreu no Salão de Leitura da Biblioteca Rio-Grandense e, dentro da sua programação, destacou paineis, exposições e lançamentos em homenagem à autora. Até o dia 8/11, data do encerramento do evento, pesquisadores e pesquisadoras, como Nubia Hanciau, Francisco das Neves Alves, Maria Helena Fuão, Mauro Nicola Póvoas, Eliane Campello, Aimée Bolaños, Kelley Duarte, Luciana Coutinho Gepiak e Comba Marques Porto discutiram e abordaram temas relacionados à obra de Carmen para o público presente. O Grupo de Leituras do Drama Contemporâneo, do Curso de Licenciatura da UFPEL, fez a leitura dos contos de Carmen e Marina Oliveira e Paulo Gaiger fizeram uma adaptação radiofônica de uma das principais obras literárias de Carmen: Setiembre. Uma placa comemorativa marcou os cem anos de nascimento da autora e o relançamento do livro “A arte de ser ousada. Uma homenagem a Carmen da Silva”, de Comba Marques Porto, também marcaram a atividade. A presidente da Câmara Municipal, Andreia Westphal, a Tia Deia, dentre outras autoridades, prestigiaram o evento.

Vida e obra

Carmen da Silva nasceu em 31 de dezembro de 1919, na cidade do Rio Grande, Rio Grande do Sul, na Rua Conselheiro Pinto Lima, nº 51, e morreu no Rio de Janeiro, em 29 de abril de 1985. Em Rio Grande, formou-se professora primária no Colégio Santa Joana D’Arc, dirigido por freiras francesas e trabalhou, desde cedo, na Companhia de Petróleo Ipiranga. Ainda na juventude, mudou-se para o Uruguai, onde morou sozinha por algum tempo. Seis anos depois, seguiu para a Argentina, onde residiu por algum tempo. Retornou ao Brasil em 1962, ao Rio de Janeiro, momento em que passou a assinar a coluna “A arte de ser mulher”, na Revista Cláudia.

Neste período em diante, consolidou-se como uma das maiores vozes do feminismo brasileiro. Sangue sem dono (1964), A arte de ser mulher (1966), O homem e a mulher no mundo moderno (1969) e a autobiografia Histórias híbridas de uma senhora de respeito (1984) são as suas principais obras. O site administrado pela Professora Doutora Núbia Hanciau, www.carmendasilva.com.br, destaca com detalhes a sua obra e trajetória de vida, além de disponibilizar para consulta um vasto material acadêmico sobre a autora.

Assessoria de Comunicação PMRG

Foto: Divulgação PMRG

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