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HU-Furg registra aumento de casos de violência sexual contra crianças e adolescentes

Os números já ultrapassam o total de ocorrências do ano passado

No Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, 18 de maio, o Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr. da Universidade Federal do Rio Grande (HU-Furg), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), faz um alerta sobre o aumento dos casos de violência sexual de menores de idade. O número de atendimentos no Hospital, nos cinco primeiros meses deste ano, já é superior ao total registrado em 2021. Para abordar esse tema, foi criada a campanha nacional “Maio Laranja”, que visa incentivar a realização de atividades para conscientizar, prevenir, orientar e combater o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes.

De acordo com as notificações do HU-Furg, no ano passado foram realizados 14 atendimentos de vítimas de violência sexual, sendo cinco de crianças e adolescentes. Este ano, até a primeira quinzena de maio, foram 13 atendimentos, sendo sete de menores de idade. Os registros do Hospital apontam que as vítimas de violência sexual são predominantemente adolescentes do sexo feminino.

Conforme a médica Ginecologista e Obstetra, chefe da Unidade da Saúde da Mulher do HU-Furg e coordenadora do Serviço Acolher, Tânia Fonseca, o aumento de casos deve-se, principalmente, ao retorno das aulas presenciais, pois boa parte dos encaminhamentos são realizados pelas escolas, que integram a rede de proteção social à criança e ao adolescente. Tânia explica que as mudanças no comportamento das crianças e adolescentes podem ser percebidas por cuidadores e profissionais da educação, chegando, até mesmo, a verbalização do abuso pela própria vítima. “Nesse contexto, o apoio da escola é fundamental, bem como a denúncia e o encaminhamento para os serviços de apoio”, salienta Tânia. A médica, ainda, observa que a maioria dos casos de abusos crônicos (recorrentes) são cometidos por pessoas próximas, conhecidas da família, por isso, é importante ter atenção ao comportamento da criança e do adolescente.

Segundo a cartilha da campanha Maio Laranja, lançada este ano pelo Governo Federal, os principais indicadores das vítimas de abuso sexual são:

Psicológicos:

  • Até 4 anos – desenhos sexualizados, perturbação do sono, medo de homens e comportamento ou brincadeiras sexuais inapropriadas para a idade.
  • De 4 a 6 anos – limpeza compulsiva, destruição simbólica repetida dos pais, acessos de raiva, conhecimento sexual inapropriado para a idade (brincadeiras, discurso e desenhos), e perturbações no sono.
  • De 7 a 12 anos – perturbações no sono, fracasso escolar, mudanças de humor, segredos, ansiedade, mentiras, furto, conduta incendiária, vontade excessiva de agradar, assume papel maternal, tentativas de suicídio e aparência pseudomadura.
  • De 13 anos ou mais – relacionamentos afetivos pobres, abuso de drogas/ álcool, promiscuidade, automutilação, depressão/desespero, estados fóbicos e desordens compulsivas, assume papel maternal, abusa sexualmente de outras crianças.

Físicos:

  • Inflamação, equimoses e fissuras vulvares e anais, hemorragia anal e genital, corrimento vaginal e Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), anorexia nervosa, ingestão compulsiva de alimentos e infecções urinária repetidas.

Serviço Acolher

O HU-Furg conta com o Serviço Especializado na Atenção Integral às Mulheres e Adolescentes em Situação de Violência Sexual e Atenção à Interrupção de Gravidez, denominado de “Serviço Acolher”, sendo o único espaço da região Sul do estado a atender adolescentes e mulheres violentadas sexualmente e a realizar a interrupção de gestação, conforme os casos previstos em Lei. O Serviço é referência para os municípios de Rio Grande, Santa Vitória do Palmar, Chuí e São José do Norte.

O atendimento ofertado pelo HU-Furg conta com uma equipe multidisciplinar e possui área específica, conhecida como Sala Violeta, onde são realizados o acolhimento e o atendimento das vítimas.

O Serviço Acolher, conforme preconiza a Lei 12.845, de 1º de agosto de 2013, oferece “atendimento emergencial, integral e multidisciplinar, visando ao controle e ao tratamento dos agravos físicos e psíquicos decorrentes de violência sexual, e encaminhamento, se for o caso, aos serviços de assistência social”. Assim, os objetivos do Serviço são acolher, prestar atenção integral a mulheres em situação de violência sexual e promover a interrupção da gravidez. É importante ressaltar que a interrupção da gravidez é realizada apenas nos casos previstos no Código Penal. O procedimento é realizado com o parecer técnico do médico obstetra, após detalhada análise do caso, exame físico geral e obstétrico, bem como a realização e a avaliação de exames. Ainda, deve ser atestada a compatibilidade da idade gestacional com a data da violência sexual alegada, afastando-se a hipótese de a gravidez ser decorrente de outra circunstância diferente da violência sexual.

Como procurar atendimento

As adolescentes e mulheres vítimas de violência sexual devem procurar o Serviço de Pronto Atendimento (SPA), Acesso 1 do HU-Furg (rua Visconde de Paranaguá, nº 102), a qualquer hora ou dia da semana. Os profissionais da recepção e da portaria estão capacitados para o rápido acolhimento e encaminhamento imediato para o atendimento. Mais informações ou esclarecimento de dúvidas pelos telefones: (53) 3233.8823 ou (53) 3233.0261.

Unidade de Comunicação Social do HU-Furg/Ebserh

Foto: Pixabay

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