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FURG participa de projeto de pesquisa internacional para entender os impactos climáticos nas baleias

A icônica baleia-jubarte é o foco de um grande projeto de pesquisa multi-institucional envolvendo universidades da África do Sul, Austrália, Brasil, Chile e Equador

A Universidade Federal do Rio Grande (FURG) está envolvida num projeto de pesquisa pioneiro que visa compreender como as mudanças no oceano influenciam a recuperação das populações de baleias-jubarte no hemisfério sul.

Durante o século passado, as populações de baleias-jubarte foram severamente caçadas pela indústria baleeira moderna, com capturas de mais de 220 mil indivíduos entre 1904 e 1972 (de uma população existente de cerca de 140 mil antes da caça moderna).

Desde a proteção nas décadas de 1960 e 1970, certas populações começaram a se recuperar.

Este é primeiro projeto de pesquisa de articulação internacional para estudar a demografia populacional de baleias-jubarte e sua relação com as mudanças climáticas no Hemisfério Sul. A pesquisa visa explicar como as mudanças climáticas, com efeito nos oceanos, influenciam a recuperação das populações de baleias após a forte pressão histórica da atividade baleeira e o avanço de políticas e programas de conservação.

Um grupo de universidades da Austrália, África do Sul e América do Sul está conduzindo o Programa de Pesquisa sobre Baleias e Clima, para formar uma equipe multidisciplinar de pesquisadores com experiência em impactos das mudanças climáticas, distribuição de baleias, migrações e biologia, produtividade primária e química do oceano, modelagem numérica e muito mais.

O objetivo geral do projeto é criar um modelo para a distribuição de baleias sob futuros cenários de mudanças climáticas e, assim, investigar mudanças que influenciam a demografia populacional e o estado de conservação das baleias-jubarte.

Mais de 25 pesquisadores de seis países fazem parte deste projeto de 5 anos. A equipe principal é formada por cientistas climáticos, ecologistas marinhos e oceanógrafos das seguintes instituições:

• Universidade Griffith (Austrália) – Prof. Brendan Mackey, Dr. Olaf Meynecke, Dr. Serena Lee e Dr. Jasper De Bie;
• Universidade Stellenbosch (África do Sul) – Prof. Alakendra Roychoudhury, Dr. Jan Lukas Menzel, Dra. Suamik Samanta;
• Universidade da Cidade do Cabo (África do Sul) – Prof. Marcello Vichi, Dr. Subhra Dey, Dr. Abdoulkadri Chama;
• Universidade Tecnológica da Península do Cabo (África do Sul) – Prof. Ken Findlay, Dra. Elisa Seyboth (egressa da FURG);
• Universidade Federal do Rio Grande-FURG (Brasil) – Prof. Eduardo R. Secchi (Coordenador na América do Sul), Prof. Luciano Dalla Rosa, Profa. Silvina Botta, Dra. Genyffer Troina, Dr. Pedro Fruet, Dr. Rodrigo Genoves
• Pontifícia Universidade Católica do Equador (Equador) – Dr. Fernando Felix
• Smithsonian Tropical Research Institute (STRI) – Héctor Guzmán
• Fundação CEQUA (Chile) – Dr (c) Jorge Acevedo e Dra. Esther Jiménez

O professor Mackey, diretor do Programa de Resposta às Mudanças Climáticas de Griffith e co-diretor da pesquisa Whales and Climate
(Baleias e Clima), disse que este programa de pesquisa, com duração de 5 anos, estabeleceria uma compreensão fundamental de como as condições do oceano influenciam a recuperação das populações de baleias jubarte.

“O projeto também desenvolverá cenários de adaptação para o avanço de políticas e programas de conservação de baleias”, disse Mackey.
“A mudança climática está alterando drasticamente os ecossistemas e nossos oceanos estão passando por mudanças rápidas, afetando toda a vida marinha”. Além disso, o projeto levará a uma melhor compreensão do papel que as baleias podem desempenhar na condução de sumidouros de
carbono e, assim, funcionar como engenheiros climáticos, e seu papel como engenheiros do ecossistema, contribuindo para a produtividade do oceano.

A equipe de pesquisa multidisciplinar das sete instituições possui experiência nas seguintes áreas:

• modelagem biogeoquímica oceânica acoplada
• ecologia e biologia das baleias
• biotelemetria
• produtividade primária e química oceânicas
• modelagem numérica
• gestão de recursos naturais e política de conservação
• impactos das mudanças climáticas

A Universidade Griffith, com o Programa de Resposta às Mudanças Climáticas, está liderando a coordenação do projeto e os estudos australianos em modelagem oceânica acoplada, movimento e biologia de baleias, impactos das mudanças climáticas e política de gestão e conservação de recursos naturais.

O pesquisador de baleias e administrador do projeto, Olaf Meynecke, disse que muitas populações de baleias estavam em processo de recuperação após a sobrexploração pela indústria baleeira, mas agora enfrentam o grande desafio das mudanças climáticas.

“As pesquisas mais recentes sobre baleias e mudanças climáticas em todo o mundo estão mostrando aumento de encalhes, redução nas taxas de nascimento e mudanças nos padrões migratórios, que foram parcialmente atribuídas ao aquecimento do oceano, nas últimas descobertas de pesquisas”, disse Meynecke.

O grupo de universidades sul-africanas (incluindo a Universidade Stellenbosch, a Universidade da Cidade do Cabo e a Universidade Tecnológica da Península do Cabo) tem experiência em biogeoquímica marinha, ciclagem de metais-traço, modelagem numérica em biogeoquímica oceânica acoplada e ecologia de baleias, com um forte foco na alimentação das baleias-jubarte.

Segundo o professor Ken Findlay, “este é um dos primeiros projetos que investigam conjuntos de dados históricos de longo prazo com objetivo de modelar e projetar cenários futuros em várias regiões do Hemisfério Sul”. A equipe de pesquisadores da Universidade Tecnológica da Península do Cabo está investigando um conjuntos de dados de longo prazo para identificar quaisquer alterações de distribuição e abundância sazonais que possam estar ligadas a mudanças nos oceanos.

“A combinação de dados históricos de captura de baleias e avistamentos contemporâneos de baleias com modelos numéricos do oceano representa uma ferramenta poderosa para entender as mudanças nos padrões de distribuição de baleias e também validar os modelos”, disse o professor Vichi, líder da equipe de modelagem da África do Sul.

As equipes de pesquisa do Brasil, Chile, Equador e Panamá estão investigando o movimento detalhado da população de baleias-jubarte da costa oeste da América do Sul, tanto em áreas de reprodução como de alimentação, bem como ao longo de suas rotas migratórias.

De acordo com o professor Eduardo Secchi, “essa população de baleias migra entre as áreas de reprodução invernal, nos trópicos, e áreas de alimentação em águas frias do sul do Chile e na Península Antártica durante o verão austral. A Península Antártica ocidental está experimentando as maiores taxas de aquecimento global. Há fortes evidências científicas de que esse aquecimento está afetando o ecossistema. O objetivo de nossa pesquisa é avaliar o efeito das mudanças climáticas nos padrões de distribuição de baleias e no potencial de recuperação após o longo período da atividade baleeira comercial, especialmente na primeira metade do século 20”.

Durante os 5 anos de duração do projeto, o Programa de Pesquisa sobre Baleias e Mudanças Climáticas desenvolverá modelos de migração de baleias-jubarte e relatórios sobre os resultados que podem ser acessados no portal do programa de pesquisa.

Vários cruzeiros de pesquisa estão agendados no âmbito do Programa de Pesquisa sobre Baleias e Clima. Isso inclui expedições à Antártica e ao estreito de Magalhães, no Chile, e às respectivas áreas de reprodução das populações-alvo deste Programa, incluindo a costa leste da Austrália, Moçambique, as costas leste e oeste da África do Sul, o Equador e o Panamá.

Como a maioria das espécies de baleias filtradoras no hemisfério sul, as baleias-jubarte fazem migrações anuais através das bacias oceânicas, desde seus locais de alimentação de verão na região Antártica até suas áreas de reprodução invernal nas águas costeiras tropicais e subtropicais da África, Austrália e América do Sul.

Foto: Divulgação

Assessoria de Comunicação Social da FURG

Foto: Eduardo Secchi

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