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Educação, empreendedorismo e futuro

Conversamos com o Diretor da Faculdade Anhanguera Rio Grande, Raphael Affonso. No Papo de Educação ele falou sobre o ensino aliado à tecnologia, as possibilidades de transformação da cidade a partir da educação, desafios e como que o aprendizado pode fortalecer, impactar e contribuir para o futuro da comunidade local.

A educação pode transformar a cidade? Como pode contribuir ativamente para o futuro de Rio Grande?

A educação pode transformar a vida das pessoas. Eu sou um exemplo vivo disso, a educação transformou a minha vida. Meus pais vêm de origem humilde. A minha mãe trabalhava em uma escola, como inspetora de pátio e meu pai era eletricista e motorista particular, nenhum dos dois tinha o segundo grau completo. E aí, me incentivaram através do estudo, através do estudo eu conquistei meu primeiro diploma que foi o diploma de graduação em farmácia, depois eu fiz mestrado, doutorado, instituto militar de engenharia e tive minha vida impactada e transformada pela educação. Quando eu terminei minha primeira graduação a os meus pais terminaram o EJA deles, então a gente se formou quase junto: eu na graduação e os meus pais terminando o EJA, concluindo o segundo grau deles.

Há pouco tempo atrás, meu pai que tem 56 anos, uma doença degenerativa, me fez um dos pedidos que me deixou mais com o coração mais dilatado e alegre. Foi o pedido de que matricular ele, num curso superior, porque ele também queria fazer uma graduação inspirado pela minha história, né? Na verdade, eles é que me inspiraram, mas a educação transformou a minha.

Eu saí de um bairro pobre para favela no Rio de Janeiro, e conquisto o mundo, né? Viajei para outros países, conheci outros lugares, pude morar em outras cidades graças a transformação da educação. Então, se a educação pode transformar a vida de uma pessoa, o que dirá uma cidade? A educação pode fazer, tem um poder transformacional. As grandes sociedades desenvolvidas se desenvolveram através da educação, através da capacidade de produzir conhecimento.

O Pacto pelo desenvolvimento da cidade, que é uma proposta do governo municipal, da prefeitura de Rio Grande. A faculdade Anhanguera pode contribuir a cada dia mais com esse desenvolvimento local, fomentando a educação.

Nós tivemos aqui a oportunidade de discutir, no ano passado, a questão das cotas raciais. Discutindo a questão do negro e da colocação do negro na sociedade, principalmente no mercado de trabalho.  Trouxemos temas, novos temas importantes aqui da sociedade, como a questão do público LGBT. Aqui a Anhanguera foi a primeira faculdade privada a adotar o nome social. Então, toda discussão é válida. Através do ambiente acadêmico, sem dúvida, fomentamos o debate e transformamos vidas.

Podemos transformar uma cidade inteira através da educação. É esse o papel social também da faculdade Anhanguera de Rio Grande. Muitas vezes, as pessoas estão desacreditadas. Pessoas de 30 ou 50 anos. E essas pessoas, como meu pai, por exemplo, elas são as primeiras a tentar. Uma graduação de ensino superior, um tecnólogo ou algum outro uso.

Atualmente, temos cursos técnicos, cursos profissionalizantes, além da graduação e da pós-graduação. E aí, essas pessoas, que se transformam em nossos estudantes, são como joias brutas que lapidamos e deixamos pronta para o mercado de trabalho. O foco na empregabilidade para poder impactar a cidade e fazer uma transformação verdadeira em Rio Grande.

De que forma o ambiente acadêmico pode contribuir para a comunidade local?

A academia é o local onde as ideias têm que ser debatidas, sempre com muita maturidade, sempre com muito respeito. Aqui na faculdade Anhanguera, nós incentivamos os nossos alunos a debater, a questionar, até porque o nosso foco é a empregabilidade, então nós temos como principal, que o nosso aluno saia, não só com diploma acadêmico. Eu costumo falar para eles que é uma consequência. Na verdade, ele vai sair daqui com o foco principal dele: é uma carteira de trabalho assinada ou um contrato social como empreendedor.

Então, o ambiente acadêmico ele vai contribuir nessa questão de debates, nessa questão de fomentar as ideias, fomentar o empreendedorismo. E que esse aluno possa vivenciar a prática associada à teoria aqui e depois aplicar isso lá no ambiente externo dele.

Nós desenvolvemos alguns projetos, projetos de extensões, por exemplo, onde o aluno já aplica na prática aquilo que ele vem em sala de aula. As nossas práticas são voltadas para o mercado de trabalho. De forma que ele saia para o mercado do trabalho, sabendo aplicar aquela teoria que ele buscou durante um ano e meio, 24 ou até 5 anos da graduação dele. E a mesma coisa se replica dentro da pós-graduação e dos outros cursos. Nos outros cursos que nós ofertamos aqui, então ao ambiente acadêmico, ele vai, principalmente aqui na Anhanguera, ele vai fomentar esse empreendedorismo, esse saber fazer o nosso aluno quer ver prática, quer ver aquilo que ele vai aplicar no mercado de trabalho no dia a dia dele, na empresa dele, que ele vai criar e nós vamos estimular. Estimulamos isso a cada dia mais.

Humanização e empreendedorismo podem caminhar juntos na educação?

Hoje humanização, empreendedorismo é uma condição indispensável para um bom profissional formado, né? A questão do saber fazer é muito importante. A teoria da prática associada à teoria é muito importante. Mais a relação interpessoal, ela é extremamente importante hoje, independente da área que você esteja atuando, nós precisamos, lidamos com clientes, seja um cliente interno, que é aquele meu colaborador, é aquele meu liderado ou aquela minha liderança que eu preciso entregar também uma atividade. Ao meu trabalho, e também o intraempreendedorismo que é empreender dentro do seu ambiente de trabalho. Também está muito em voga, então eu preciso trabalhar todas essas habilidades e competências.

Habilidade humana e a habilidade em relação interpessoal. Aqui na Anhanguera nós nos preocupamos com isso. Nós temos algumas trilhas que o nosso aluno faz de atividades complementares ou de componentes curriculares, onde ele desenvolve também essas habilidades socioemocionais. A parte de humanização, incentivo ao empreendedorismo, ao intraempreendedorismo são condições extremamente importantes que nós estimulamos.

O nosso foco é o mercado de trabalho. O nosso foco é o nosso aluno com uma carteira assinada, com um contrato social sendo dono, sendo empreendedor, sendo um empresário, sendo autônomo, ganhando o seu dinheiro. E que é que é o grande foco dele. Muitas vezes uma realização profissional e obviamente trazendo, agregando um valor financeiro monetário, também é importante.

Educação transforma?

O nosso mote é a que a educação transforma. Hoje, o ambiente educacional não é um ambiente mais onde você senta como um agente passivo. Nós temos uma educação dinâmica. O aluno de hoje não é o mesmo aluno de 5 ou 10 anos atrás ou 20 anos atrás. Ele é um aluno que está extremamente conectado através dos meios de comunicação, principalmente na internet.

Então, ele tem já um conhecimento, ainda que superficial, sobre muitos assuntos. O papel do professor é um papel de curadoria. Ele tem que pegar aquele conhecimento que o aluno traz e tem que direcionar esse aluno para um aprofundamento. Para um embasamento, e também para um pensamento crítico em cima desse conteúdo. Por isso, que a educação transforma.

Esse aluno, ainda que seja um aluno da engenharia, ainda que seja um aluno do direito ou da psicologia, da pedagogia, da farmácia, da enfermagem. Da saúde, de todas as áreas de conhecimento, esse aluno vai desenvolver a capacidade dele crítica, de forma que ele vai conseguir flanar e flutuar por outras áreas do conhecimento também.

Então a vida do estudante, é transformada através da educação. Ele melhora a capacidade de interação interpessoal, porque nós nos preocupamos também. Essas capacidades socioemocionais melhoram. Melhora a capacidade de argumentação, a capacidade de leitura, esse pensamento crítico e inovador, ele muda.

Nós discutimos, a transversalidade das nossas disciplinas. Traz os projetos de extensão das atividades práticas, da capacidade desse aluno de interagir com o ambiente virtual também porque é uma obsessão nossa também.

O digital, é muito importante. O caráter presencial tem um valor importante, mas o digital é muito importante porque todo profissional hoje precisa interagir com digital. Precisando de alguma forma de quebrar barreiras e vencer essas barreiras. Por isso que, com certeza: a educação transforma e a transformação vem através da educação. Uma transformação sustentada, uma transformação robusta e verdadeira.

Quais os principais desafios para a educação transformadora?

Os desafios da educação transformadora é associar e implementar os desafios digitais que nós nos colocamos hoje. Nós temos, um aluno que não é um aluno passivo, ele é um agente ativo, isso faz parte da nossa metodologia também de ensino. Nós utilizamos a metodologia de ensino da sala de aula. Onde o aluno não vai para a faculdade ou não vai pra aula dele, para a prática dele, para o encontro que ele tem aqui na faculdade, apenas para poder receber o conhecimento.

Ele já teve um contato prévio com esse conhecimento que nós chamamos de pré-aula e no momento do encontro dele ele vai fazer uma problematização e uma verificação na prática aquele conhecimento prévio que buscou através de uma leitura prévia, de um conteúdo e tudo mais. Que é o que nós vivemos hoje, no nosso dia a dia.

Primeiro, nosso modelo acadêmico impulsiona o nosso aluno a ser protagonista. E segundo, que esse aluno, hoje ele tem na alma da mão, o acesso à internet. O grande desafio hoje na educação transformadora é associar esse conhecimento prévio e essa mudança de papel do professor, porque o professor não tem mais o papel de simplesmente pegar e passar o conteúdo para o aluno.

Ele fazer muitas vezes uma curadoria, porque o aluno já chega com um conhecimento prévio. O aluno já chega muitas vezes com uma informação que pode ser, inclusive, uma informação equivocada, né? Visto que hoje nós temos demandas como fake news e outras coisas mais. E o professor desenvolve esse aluno, fazendo com que ele tenha um pensamento crítico, fazendo com que ele consiga discernir o certo. Ou aquilo que não é uma verdade, aquilo que não foi provado. Sim, tipicamente ainda não foi submetido à aplicação científica e criar esse pensamento metodológico. De pensamento crítico e científico é o grande desafio do professor, utilizando sempre e não negando as plataformas digitais. Por isso que a Anhanguera possui um DNA digital, porque esse aluno, futuramente formado, vai precisar utilizar das ferramentas digitais de comunicação, não importando a área do conhecimento que for atuar.

Jornalista Thuanny Cappellari/RIO GRANDE TEM

Foto: Divulgação

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