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A (in)visibilidade dos estudantes brasileiros

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) iniciou no último domingo, 5 de novembro, a aplicação das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). A prova de redação impulsionou o debate acerca da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil. As redações são avaliadas de acordo com cinco competências e a nota pode chegar a mil pontos e, instituições de ensino públicas e privadas utilizam o Enem para selecionar estudantes.

Os resultados são utilizados como critério único ou complementar dos processos seletivos, além de servirem de parâmetro para acesso a auxílios governamentais, como o proporcionado pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).

Certamente o tema é extrema importância e aborda um enfrentamento silencioso que ocorre em grande parte dos domicílios no Brasil, mas você já pensou sobre a (in)visibilidade dos estudantes que se submetem a prova?

Anos de preparação, de conteúdos replicados por décadas, pontos ideológicos, conhecimento por muitas vezes estruturado em desconexão com a realidade que vivenciam. O fato é, diante dessa (in)visibilidade dos estudantes a estrutura atual de avaliação é coerente com a sociedade?

O processo educacional possui necessidades diferentes das que moviam o setor na década anterior, é inegável que o ensino não é cíclico e capaz de ser avaliado em uma prova anual. Os estudantes são transformados pelas realidades que estão inseridos e se antes estavam restritos aos seus cadernos e livros que carregavam em mochilas de peso excessivo, hoje possuem contato direto e sem limites ao conhecimento e a informação.

Há uma educação transformada e a aula expositiva está em declínio, assim como a avaliação formalizada e previamente constituída por conceitos decorados. Passar horas copiando e ouvindo o professor se tornou uma tarefa tediosa e incoerente. É preciso ir além, permitir o pensamento, buscar o debate, superar o modelo de educação via palestrante.

É preciso enxergar esse estudante, entender suas vontades, vivenciar sua realidade, valorizar seu prévio conhecimento em realidades permitidas pelo EAD e perceber seu tempo disponível. Avaliar é um processo muito restrito para uma geração repleta de conhecimento na palma da mão. É essencial compartilhar o conhecimento e, talvez, um pouco incoerente discutir invisibilidades em um processo avaliativo de estudantes (in)visibilizados.

Bruna Kucharski Wagner

Foto: Freepik

 

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