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Projeto Caminhos Negros realiza seu primeiro roteiro guiado no município do Rio Grande

A atual Praça Barão de São José do Norte, localizada em frente à Santa Casa do Rio Grande, no Centro da cidade, foi denominada, na primeira metade do século XIX, de Largo do Moinho e, a partir de 1850, de Praça da Caridade. Nela, ficava localizado o pelourinho, local onde eram impostos publicamente aos escravizados castigos físicos. Ali havia, também, o patíbulo – estrutura montada para a execução das penas de morte mediante enforcamentos às pessoas negras escravizadas.

Atualmente, muitas pessoas que passam pelo local desconhecem essa história, cujas marcas e rastros foram apagados. Mas o resgate histórico está sendo feito pelo projeto Caminhos Negros, apresentado em evento na Prefeitura Municipal, na noite de quarta-feira (20), e que teve seu primeiro roteiro guiado a vários pontos históricos para a comunidade de matriz africana da cidade realizado na tarde desta quinta-feira (21). O projeto segue com sua programação de visita guiada, neste sábado (23), dentro das atividades da Semana do Patrimônio de Rio Grande, que se estendem até segunda-feira (28).

Sentimentos

As experiências das quais participamos ou conhecemos pela primeira vez jamais esqueceremos, e esse foi o sentimento de quem esteve na primeira visita guiada do roteiro “Caminhos Negros”. O percurso em 10 pontos culturais, dos quase 30 definidos no projeto, foi conduzido pelo titular da Coordenadoria Municipal de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Chendler Siqueira.

O projeto levou professores da rede pública municipal e convidados a esses pontos culturais de relevância histórica. No total, já são 28 os locais que integram o projeto. Nesta quinta-feira, o percurso iniciou nas docas do Mercado Público e foi concluído no terreiro Casa de Oxum Taladê, no bairro Getúlio Vargas, espaço de resistência, salvaguarda da cultura e dos saberes afro-brasileiros.

Entre os locais visitados estavam, também, o assentamento do Bará no Mercado Público, a Praça da Geribanda (atual Praça Tamandaré), o Largo Dr. Pio (antigo Largo das Quitandeiras) e a Capela de São Francisco – situada nos fundos da Catedral ou Igreja da Matriz. Um ponto que emocionou o grupo foi a Praça Barão de São José do Norte, cujo local abrigou o pelourinho da cidade, no século XIX, e onde havia a estrutura de um patíbulo – estrutura montada para a execução das penas de morte mediante enforcamentos às pessoas negras escravizadas.

“Esse é o primeiro passo de um trabalho que pretende oferecer, ao menos uma vez por mês, formações e visitas guiadas com professores e alunos, para redescobrirmos a cidade sob uma nova perspectiva. É uma ferramenta para a aplicação da Lei 10.639 e um movimento de ressignificação dos espaços, dando voz à história, tantas vezes invisibilizada da comunidade negra no Rio Grande”, destacou Chendler Siqueira. A Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) para tornar obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira nos estabelecimentos de ensino Fundamental e Médio, tanto públicos quanto privados.

As impressões dos participantes reforçaram o impacto da experiência. A professora de Artes, Cláudia Gonçalves, da Escola Maria Lúcia Luzzardi, destacou a emoção da descoberta. “Foi uma experiência muito profunda, um encontro com histórias que nos foram negadas. Ao entrar no terreiro, senti alegria, respeito e pertencimento, como um reencontro com a verdadeira identidade.”

O trabalhador portuário Darci Fonseca ressaltou a importância da iniciativa. “Achei fundamental o resgate e a divulgação dessa história, especialmente para os professores que poderão multiplicar esse conhecimento com seus alunos. É uma ação de grande valor para a cidade.”

Assessoria de Comunicação Social Prefeitura Municipal do Rio Grande

Foto: Divulgação

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