Palestra na Biblioteca Rio-Grandense ressalta o patrimônio histórico da instituição
E você, quando vai à biblioteca? O questionamento provocativo foi título de um texto publicado no antigo jornal rio-grandino Agora, no ano de 1996, e foi lembrado pelo historiador e presidente da Biblioteca Rio-Grandense, Francisco das Neves Alves. Ele foi o palestrante, na tarde desta segunda-feira (18), na oficina “A Biblioteca Rio-Grandense a Caminho dos 180 anos”, onde apresentou em cerca de duas horas a história da instituição centenária, desde a fundação até os dias atuais, ressaltando sua contribuição contínua para a comunidade rio-grandina ao longo de quase dois séculos. No último dia 15 de agosto, a entidade completou 179 anos, marco que deu início às comemorações em preparação para a data histórica de 2026.
“Nosso papel é manter as portas abertas e continuar oferecendo cultura e leitura à nossa cidade, que tanto necessita, assim como todas as cidades brasileiras e do mundo. É uma tarefa bastante dificil”, afirmou. O historiador enfatizou a importância do acervo que a instituição guarda em diversas salas, um material maior do que outras bibliotecas do Rio Grande do Sul, como as de Pelotas e Porto Alegre, por exemplo. A palestra foi a primeira dentro da programação da Semana do Patrimônio, ação iniciada nesta data e com encerramento previsto para o próximo dia 25.
Balão de ensaio
Fundada em 15 de agosto de 1846 por João Barbosa Coelho e mais duas dezenas de cidadãos rio-grandinos, e prestes a comemorar mais uma data histórica, a palestra foi considerada pelo presidente da instituição como um “balão de ensaio” para 2026, quando fará 180 anos. Além de guardar livros e documentos ao longo do tempo, colocando-os à disposição do público, a biblioteca manteve-se na sua história como instituição de natureza privada, sem receber verbas públicas. Ainda assim, tendo em vista seu amplo atendimento à população, ficou conhecida como “Biblioteca Pública”.
“Não pretendemos competir com as redes sociais ou outros meios, mas oferecer alternativas que despertem o interesse da juventude e da comunidade em geral. Nossos passos podem ser pequenos, mas cada um deles representa um alcance significativo”, afirmou o presidente.
Embora tenha passado por vários períodos de precariedades financeiras e falta de apoio, o espaço da Biblioteca Rio-Grandense tem sido palco para muitas ações de caráter social, educacional, cultural e político. Em outras épocas, foi ali que trabalhadores que não tinham condições de frequentar o ensino regular tiveram aulas. Em suas dependências, também deu-se a origem da FURG e da Associação Rio-Grandina de Letras, entre tantas outras instituições. No mesmo local foram reeditadas obras raras, colocando-as à disposição do público e organizadas exposições e palestras.
Acervo
Dentre as várias raridades que se encontram no acervo da biblioteca está a coleção de Agostinho José Lourenço, que se constitui um dos mais ricos acervos de jornais sul-rio-grandenses, com coleções completas de periódicos que circularam nos séculos XIX e XX no Rio Grande do Sul. Na Sala Abeillard Barreto, há uma coleção que reúne, aproximadamente, 6 mil títulos herdados do historiador que dá nome à sala, contendo, principalmente, obras sobre a história do Rio Grande do Sul e do Brasil.
Na Sala de Obras Raras, está outra coleção, com aproximadamente 3 mil títulos, reunindo obras editadas desde o século XIV, constituindo ponto fundamental à pesquisa histórica em geral. Também integra o acervo da biblioteca a coleção Montenegro, com cerca de 2 mil títulos, uma das mais completas acerca da Guerra do Paraguai, incluindo um acervo bibliográfico com centenas de fotografias e gravuras colecionadas pelo historiador José Arthur Montenegro. Os quase 10 mil títulos sobre a história do Rio Grande e do Rio Grande do Sul estão na Sala Silva Paes, considerado um dos espaços mais completos sobre esse tema.
A Biblioteca Rio-Grandense possui a mais completa coleção de jornais do Rio Grande do Sul e uma das maiores do país. Ali estão exemplares de jornais da maioria dos estados brasileiros, de períodos distintos. Além desses, há um grande número de revistas e jornais de várias cidades no âmbito internacional, como Londres, Paris, Lisboa, Braga, Berlim, Milão, Budapeste, Viena, Buenos Aires, Montevidéu, Rivera, entre outras.
Entre as iniciativas recentes da direção da biblioteca foram mencionadas a reabertura de uma sala dedicada à literatura fantástica, que tem atraído grande número de jovens e escolas; a disponibilização de duas coleções digitais com mais de 240 obras gratuitas, abrangendo temas de história, literatura e cultura do Rio Grande do Sul, além de títulos de interesse geral; e a realização de atividades culturais e oficinas, sempre com o objetivo de ampliar o acesso ao conhecimento.
Assessoria de Comunicação Social Prefeitura Municipal do Rio Grande
Foto: Divulgação
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