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Lançado projeto de mapeamento das comunidades de matriz africana de Rio Grande

O Salão Nobre Deputado Carlos Santos da Prefeitura Municipal sediou, na noite de quarta-feira (20), o lançamento do projeto “Rio Grande, Berço do Batuque e da Umbanda no RS: quem são os Povos Tradicionais de Matriz Africana e Comunidades de Terreiro do Sul do Brasil”. A proposta lançada na Semana do Patrimônio visa a realização do mapeamento socioeconômico e cultural das comunidades de matriz africana do Município.

O evento reuniu autoridades políticas, lideranças religiosas, representantes da academia e da sociedade civil, consolidando o início de um projeto que pretende resgatar, documentar e valorizar a presença histórica, cultural e social do povo negro na cidade do Rio Grande. O objetivo geral é garantir o reconhecimento destes espaços enquanto Patrimônio Nacional e ampliar o acervo cultural por meio dos produtos que serão gerados pelo processo de intercâmbio cultural.

Proposto pelo Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos Tradicionais de Matriz Africana do Rio Grande (FONSANPOTMA-RG) e desenvolvido em parceria com a Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Furg e outros parceiros, o projeto tem prazo de execução de até 24 meses.

Objetivos específicos

Entre os objetivos específicos do mapeamento, destacam-se:

  • elaboração de um censo socioeconômico e cultural das comunidades de terreiro da cidade
  • garantir a aplicabilidade da Lei Cultura Viva no município
  • ofertar produtos culturais a partir das existências locais e em diálogo com experiências internacionais
  • promover o acesso gratuito, a descentralização e a difusão de ações culturais para toda a comunidade
  • identificar bens culturais de origem africana e afro-brasileira presentes nas comunidades
  • traçar o perfil das comunidades tradicionais de matriz africana existentes no Rio Grande
  • registrar o histórico de violências sofridas por esses povos, incluindo racismo e intolerância religiosa
  • criar e manter um espaço virtual para publicação e acesso aos dados do mapeamento
  • medir e fomentar o diálogo sobre políticas públicas voltadas ao patrimônio cultural afro-brasileiro
  • preservar e salvaguardar saberes e práticas tradicionais, bem como os bens culturais associados às religiões de matriz africana

Reconhecimento e reparação

O deputado federal Alexandre Lindenmeyer, autor da emenda parlamentar que destinou mais de R$ 600 mil para a execução do estudo, ressaltou que a iniciativa vai muito além da coleta de dados. “Mais do que reconhecer a contribuição histórica do povo negro, é preciso garantir visibilidade e respeito à sua trajetória. Este mapeamento permitirá que informações concretas subsidiem políticas públicas que respondam às necessidades das comunidades de matriz africana”, afirmou.

A prefeita Darlene Pereira anunciou que a sede do projeto funcionará no bairro BGV e reforçou o compromisso da gestão com a reparação histórica. “Esse trabalho é um resgate de uma história muitas vezes sufocada. Temos a missão de abrir portas, criar oportunidades e reconhecer o peso que este povo carregou na construção da nossa cidade e do nosso país”, declarou.

Um marco para o futuro

O coordenador municipal de Políticas de Igualdade Racial, Chendler Siqueira que também coordenará o projeto, lembrou que o Rio Grande é berço do Batuque no Brasil e da Umbanda no Rio Grande do Sul. Disse que a pesquisa não se limita ao aspecto religioso, mas reconhece os povos de terreiro como comunidades tradicionais e agentes culturais. “É uma política afirmativa e reparatória, que busca visibilizar saberes e práticas ancestrais e, sobretudo, identificar as condições de acesso dessas comunidades às políticas públicas”, destacou.

A pró-reitora de Extensão e Cultura da FURG, Débora Amaral enfatizou que o projeto nasce da escuta e da participação ativa das comunidades, invertendo a lógica tradicional da pesquisa acadêmica. Já o presidente da Câmara, Rovan Castro, afirmou que o Legislativo seguirá comprometido com o combate ao racismo e com a valorização das comunidades tradicionais.

Representantes das comunidades de terreiro também se pronunciaram, reforçando o caráter histórico e simbólico do mapeamento. O vice-presidente do Conselho dos Povos de Terreiro, Luiz Otávio Borges, classificou em tom emocionado a iniciativa como “um passo fundamental de reparação” e destacou que Rio Grande se consolida como referência nacional na preservação da cultura afro-brasileira.

Por sua vez, a secretária de Cultura e Economia Criativa, Rita Rache, lembrou que pensar a identidade brasileira exige o reconhecimento da diversidade cultural. “Os povos de matriz africana são fundamentais para a constituição da nossa nação. Este projeto é uma afirmação de que não há futuro sem a valorização de nossas raízes”, declarou.

Assessoria de Comunicação Social Prefeitura Municipal do Rio Grande

Foto: Divulgação

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