FURG cria primeiro curso de graduação em Engenharia de Robôs das universidades públicas do Brasil
Iniciativa contou com o apoio do MEC e da Sociedade Brasileira de Robótica
Até então oferecido apenas em uma instituição privada no Brasil, a FURG, de forma pioneira, passará a oferecer, a partir de 2026, o primeiro curso de graduação em Engenharia de Robôs (Bacharelado) entre as universidades públicas federais. A ação contou com o apoio do programa Universidades Inovadoras, do Ministério da Educação e da Sociedade Brasileira de Robótica; espera-se já nesta próxima edição do SISU (2026) a abertura de 40 vagas de ingresso.
De acordo com a reitora Suzane Gonçalves, a abertura de um novo curso é sempre um importante momento para refletir sobre a qualificação do país como um todo, especialmente tratando-se de uma área diretamente ligada aos desafios da modernidade, que exigem, cada vez mais, profissionais devidamente capacitados.
“A FURG, por seu histórico de excelência na área de robótica, cumpre o seu papel e, com muita felicidade, empenho e dedicação, se prepara para oferecer um curso que, atualmente, possui uma enorme demanda no mercado de trabalho. Essa é uma tendência global, no exterior existem muitos cursos de Engenharia de Robôs, e agora nós, em parceria com o MEC, vamos nos posicionar na vanguarda deste tema, cumprindo nosso papel social com responsabilidade e entusiasmo pelo futuro”, explica a gestora.
Contexto favorável: Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA)
De acordo com o diretor do Centro de Ciências Computacionais (C3), Eder Gonçalves, apesar das dificuldades que as universidades federais vêm enfrentando nos últimos dez anos, foi se criando um contexto favorável, tanto interno quanto nacional, para a criação desse novo curso na FURG. “Estamos, nesse momento, sob um novo Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA). Esse plano prevê uma série de ações de modo a estimular essa área e desenvolver uma expertise em IA voltada para as necessidades do Brasil. Nesse sentido, a área de robótica é estratégica, pois tanto a robótica quanto a IA são áreas que cresceram juntas e compartilham muitas técnicas”, apontou o professor.
Atualmente, o C3 é uma das principais escolas de robótica do país, reconhecida nacional e internacionalmente pela excelência em pesquisa e formação na área. Essa credibilidade foi determinante para o credenciamento de uma unidade Embrapii na Universidade, o iTec/FURG-Embrapii, focado no desenvolvimento de soluções inovadoras e tecnológicas na área de ciência de dados, robótica e automação, responsável por mais de R$ 40 milhões em projetos com empresas.
Outro expoente bastante reconhecido do C3 é sua equipe de Robótica, a FURGBot (Fbot), que, recentemente, conquistou dois títulos na Competição Brasileira de Robótica. O grupo, formado por estudantes e orientado por professores da unidade, já competiu em diversos torneios, tanto nacionais quanto internacionais, trazendo inúmeras premiações. Atualmente, o Fbot é tetracampeão nacional nas categorias RoboCup@Home, com robôs autônomos capazes de realizar tarefas domésticas; e RoboCup@Work, que envolve robôs e tecnologias voltadas para o ambiente industrial.
Ainda segundo Eder, o curso é resultado de todo esse processo de amadurecimento interno e da percepção de que a FURG reúne as condições técnicas e humanas para consolidar-se como referência na formação de engenheiros voltados à automação e à robótica. “O próprio Plano Brasileiro de Inteligência Artificial, do Governo Federal, prevê incentivos para a área de robótica, incluindo recursos dedicados para a formação de recursos humanos, e ao fomento da pesquisa na área”, completou.
Pioneirismos… há mais de três décadas
Para o professor do C3, Paulo Drews – atual vice-presidente da Sociedade Brasileira de Robótica (SBRobótica) e um dos oito professores da Universidade sócios-fundadores da entidade – a FURG tem um histórico de pioneirismo desde os anos 1990, quando criou um dos primeiros cursos do Brasil em engenharia de computação. “Em seguida, criamos também um dos primeiros e únicos cursos até hoje de mestrado em engenharia de computação, e, agora, também temos o doutorado nessa área”, aponta o professor.
De acordo com Drews, agora, com o curso de Engenharia de Robôs, a FURG se coloca novamente como pioneira, sendo a primeira entre as universidades federais a aprovar esse curso. “Embora fora do Brasil já existam vários cursos de robotics engineering, chamado aqui no Brasil de Engenharia de Robôs, tínhamos até então no país apenas uma graduação nessa área, oferecida por uma instituição privada, a FEI, que é uma universidade católica, mantida por padres, em São Bernardo do Campo, São Paulo”, comentou.
Essa excelência, demonstrada em diferentes programas de pós-graduação e no campo da pesquisa, carecia de uma devida representação na graduação, especialmente considerando a capacidade capilarizada do C3 em articular complementação entre os seus demais cursos de graduação. “Hoje, nossos cursos contemplam o que seria a formação em Engenharia de Robôs, e agora, com essa construção, se abre um novo espaço para criar oportunidades muito interessantes não só para a FURG, em termos do seu protagonismo na área, mas também para os estudantes que poderão vivenciar uma trajetória acadêmica muito rica, com diversas oportunidades”, ressaltou Drews.
Com a expectativa de que o novo curso atenda à crescente demanda por profissionais qualificados para atuar em setores estratégicos, especialmente diante das transformações trazidas pela Indústria 4.0 – e que agora avança para o modelo 5.0 com a inserção do ser humano em laço com os sistemas automáticos – Gonçalves destaca o entendimento de que a área de computação na FURG, ainda que em estado de excelência, precisa ser constantemente fortalecida.
“Esse é um campo do saber que vem mudando frequentemente e de forma bastante expressiva, especialmente adquirindo novas aplicações por conta da inteligência artificial. E, de novo, é importante que se tenha essa ideia de que muito daquilo que é feito em IA tem aplicação direta em robótica; uma coisa está diretamente conectada à outra. O Brasil, na medida em que avança em políticas de favorecimento do seu parque industrial, a necessidade de mão de obra em robótica aumenta cada vez mais”, pontua o diretor.
Sobre o curso
Com duração típica de cinco anos, regime integral e 40 vagas anuais, o curso combina fundamentos de engenharia com prática aplicada desde os primeiros semestres. A carga horária total é de 3.795 horas, com percurso que integra matemática, física, computação, eletrônica e mecânica, avançando para áreas como robótica móvel e manipuladores, visão computacional, robótica subaquática e aérea, e robótica de reabilitação. A estrutura curricular privilegia projetos, laboratórios e interação com a indústria.
“Este é um marco para a robótica e a inteligência artificial no Brasil. A FURG passa a oferecer formação pública e de excelência para preparar profissionais capazes de projetar e integrar sistemas autônomos de última geração”, destaca o professor Rodrigo Guerra, coordenador pro tempore do curso.
A concepção dessa graduação envolveu intensa atuação do C3 e de diversas unidades da FURG, entre elas o Instituto de Matemática, Estatística e Física (Imef), Escola de Engenharia (EE), Faculdade de Direito (Fadir), Instituto de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis, Instituto de Oceanografia (IO), Instituto de Letras e Artes (ILA), Instituto de Ciências Humanas e da Informação (ICHI) e Escola de Química e Alimentos (EQA), além do apoio da Reitoria e interlocução com o MEC.
“O projeto passou por critérios rigorosos e foi amadurecido coletivamente dentro da universidade. O resultado é um curso atual, robusto e conectado às necessidades do país”, afirma Guerra.
A proposta do curso foi aprovada pelo Conselho de Ensino, Pesquisa, Extensão e Administração (Coepea), no dia 17 de outubro. A resolução baliza os fundamentos da nova graduação e estipula também os termos legais para a criação das disciplinas específicas do programa.
Ascom FURG
Foto: Thuanny Cappellari
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