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Em novo boletim, Comitê de Eventos Extremos atualiza prognósticos para essa semana

Confira informações atualizadas do cenário até esta segunda-feira, 30

Na semana passada, entre os dias 15 e 21 de junho, em diversas partes do Rio Grande do Sul foram registradas precipitações acima da média; também foram registradas inundações e alagamentos na região central e norte do Estado. Em razão da posição geográfica da Lagoa dos Patos e a sua conexão com os corpos d’água das regiões afetadas, a comunidade se faz mais uma vez a pergunta sobre a extensão da inundação nas cidades às margens da Lagoa. Neste sábado, 28, o Comitê de Eventos Extremos da FURG emitiu o segundo boletim do ano, para atualizar as previsões e prognósticos para a próxima semana.

O novo documento apresenta o comportamento dos níveis na Lagoa dos Patos de 27 a 30 de junho, destacando períodos que demandam especial atenção nos próximos dias, em função da ação dos ventos sobre a descarga e nível da Lagoa. Detalhes sobre a previsão das condições de inundação nas ruas da cidade do Rio Grande são também apresentados de forma minuciosa para orientar a população. “Sugerimos o acompanhamento em tempo real da variação do nível nas estações da Rede de Monitoramento de Nível da Lagoa dos Patos no portal do projeto”, aponta a professora Elisa Fernandes, coordenadora do Centro Interinstitucional de Previsão e Prognóstico de Eventos Extremos (Ciex).

Previsão do cenário vindouro

Apresentada em três figuras dentro do boletim – disponível na íntegra ao final deste texto – a previsão do comportamento do nível da Lagoa dos Patos até segunda-feira, 30, apresenta séries temporais em três pontos da Lagoa. Em São Lourenço do Sul, a previsão indica níveis em elevação ao longo deste sábado, 28, em função da ação de ventos de leste (E) durante todo o dia, atingindo o máximo de elevação do período (1,80 m, ou seja, 32 cm acima da cota de inundação) às 18h.

O domingo, 6, inicia com ventos de quadrante sul e dá início a uma acentuada redução dos níveis até às 10h, quando o vento começa a girar para oeste (O) dando origem a um novo pico (1,60 m, ou seja, 12 cm acima da cota de inundação) no final da tarde. A subsequente intensificação dos ventos de oeste levará a uma acentuada redução dos níveis até o final do domingo. Na segunda-feira, 30, os níveis oscilam em torno da cota de inundação (1,48 m).

Para a cidade de Pelotas, a previsão aponta níveis em elevação ao longo deste sábado, 28, em função da ação de ventos de leste (E) até o final da tarde, atingindo o máximo de elevação do período (1,90 m, ou seja, 40 cm abaixo da cota de inundação) às 20h. Entretanto, níveis abaixo desta cota ainda poderão produzir condições de inundação na região do Laranjal em função das condições precárias do Dique da Nova Prata. O domingo, 29, inicia com ventos de quadrante sul, com o começo de uma acentuada redução dos níveis (cerca de 80 cm) até o final do dia. Na segunda-feira, 30, os níveis oscilam em torno de 1,5 m.

Para a cidade do Rio Grande, foram registrados níveis de elevação já no final desta sexta-feira, 27, atingindo um pico de 1,2 m (40 cm acima da cota de inundação) ao final do dia em função dos ventos de quadrante sul. Ao longo de todo sábado, 28, os ventos de leste (E) promovem oscilações de nível com tendência de crescimento até atingir o nível máximo de 1,40 m – ou seja, 60 cm acima da cota de inundação – por volta da meia noite. Mesmo com a previsão de ventos do quadrante sul ao longo do dia, o nível sofre acentuada redução até voltar à cota de inundação de 80 cm no final da manhã, com oscilação permanente até o final da noite. Na segunda-feira, 30, os níveis oscilam em torno de 1m (20 cm acima da cota de inundação).

Considerando o nível máximo de 1,40 m, marca que deve ser atingida em Rio Grande por volta da meia noite deste sábado, 28, foram simuladas as condições de inundação nas ruas da cidade – conforme apresentado em imagens no boletim -indicando que a lâmina d’água deve chegar a uma altura máxima de 60 cm em alguns locais.

“Importante destacar ainda que de 25 a 27 de junho, o Núcleo de Instrumentação Oceanográfica do Instituto de Oceanografia da FURG (IO) realizou medições da vazão de água no canal de acesso ao Porto do Rio Grande e constatou fluxos de vazante em torno de 10.000 m3/s durante todo o período, o que representa cinco vezes o valor médio esperado. “Essa informação nos indica que a combinação dos níveis com a ação do vento está promovendo a necessária exportação das águas para a região costeira”, explica Elisa no boletim.

A simulação hidrodinâmica da Lagoa dos Patos foi realizada no Laboratório de Oceanografia Costeira e Estuarina (Locoste) da FURG, com base nas previsões hidrológicas do Grupo de Pesquisa Hidrologia de Grande Escala do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IPH-UFRGS).

Deslocamento da pluma de sedimentos em suspensão

A precipitação que atingiu a região do Guaíba foi rapidamente escoada em direção à Lagoa dos Patos, contribuindo para a elevação do nível da Lagoa e para a formação de uma extensa pluma de material em suspensão. Essa pluma é constituída por sedimentos, detritos orgânicos e inorgânicos, além de outros materiais transportados a partir de áreas situadas a montante do Delta do Jacuí, cuja drenagem converge para o Guaíba.

O monitoramento por sensoriamento remoto, com o uso de imagens dos satélites Aqua e Terra (MODIS/NASA), no período de 15 a 27 de junho, permitiu identificar a intrusão da pluma na Lagoa dos Patos a partir de sua margem oeste, com os primeiros registros visuais confirmados em 21 de junho. Estima-se, no entanto, que a pluma tenha alcançado a laguna entre os dias 19 e 20 de junho; a intensa cobertura de nuvens durante esse intervalo, contudo, impossibilitou a obtenção de imagens de satélite que comprovassem visualmente essa entrada antecipada.

Na última semana, mais especificamente de 23 a 27 de junho, observa-se um deslocamento progressivo da pluma ao longo da margem oeste da Lagoa dos Patos, com movimentação no sentido norte-sul. Na última sexta-feira, 27, a extremidade sul da pluma já havia ultrapassado a cidade de Tapes, aproximando-se da entrada do Saco de Tapes, indicando sua contínua propagação em direção às porções meridionais do corpo d’água.

Por fim, o boletim encerra com uma recomendação de atenção para a população, Forças de Segurança e Defesa Civil para os desdobramentos deste evento, uma vez que, por mais que os indicadores apontem para um contexto menos intenso do que aquele vivido em 2024, algumas localidades registrarão inundações e alagamentos.

“Reitero que este é um momento para fortalecer os laços de colaboração entre comunidade, poder público e instituições de pesquisa. Precisamos seguir atentos aos próximos boletins, adotar as medidas preventivas recomendadas e, acima de tudo, manter uma cultura de cuidado coletivo frente aos eventos climáticos extremos, que infelizmente têm se tornado mais frequentes em nossa região”, destaca Elisa.

Continue atento ao portal FURG.br para acompanhar atualizações sobre este cenário.

→ Boletim 02 – 2025

Secom FURG

Foto: Divulgação

 

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