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Trabalho

São três horas da manhã e eu finalmente consigo chegar em casa.

Nunca tinha tido uma viagem de trabalho tão exaustiva, sendo obrigado a aguentar os mais variados tipos de boçais do mundo dos investimentos. Mas agora acabou e eu estava finalmente estacionando na garagem da minha casa e pensando somente em desabar na minha cama e esquecer que existo.

Mas acho que não vou fazer isso agora.

Pois escuto barulhos vindos dos arbustos na lateral da minha garagem, um farfalhar estranho, seguido do de um som pegajoso e de algo que se assemelha com a tentativa de raspar. Isso me obriga a ir com uma cautela extrema até o local, há uns 20 passos de distância. Quando sorrateiramente me aproximo, vejo a criatura: uma espécie de humanoide, com a pele cadavericamente branca, agachado de uma maneira bestial, quase apoiado nos seus joelhos. Quando o ser me nota e olha na minha direção, percebo seus olhos vermelhos, a pele enrugada, os caninos saltados, sangue escorrendo da sua boca, e buraco no seu rosto, onde deveria estar seu nariz. Abaixo, um corpo, ou partes dele, com marcas de mordidas. Um jantar digno, não é mesmo?

Depois dessa análise que durou poucos segundos, a fera resolve me atacar, saltando em mim, com uma fome renovada. Não perco tempo: saco a faca que está escondida nas minhas costas e cravo ela na têmpora da aberração, fazendo-a cair e agonizar até morrer. Descanso, finalmente.

Acreditem: isso foi mais fácil que lidar com aqueles investidores.

Autor: Carlos F. dos Santos/Inspira

Foto: Pixabay

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