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Pesquisa na área da saúde da FURG é destaque de prêmio internacional

Estudo sobre esporotricose é vencedor de melhor artigo científico de 2020

Um estudo sobre a esporotricose, micose que ocasiona feridas na pele e atinge homens e animais, fez parte de um dos projetos de pesquisa do Laboratório de Micologia da Faculdade de Medicina (Famed) da FURG, elaborado pela doutora e mestra em Ciências da Saúde, Vanice Rodrigues Poester e coordenado pela professora Melissa Orzechowski Xavier. O trabalho foi vencedor como melhor artigo científico de 2020 do prêmio “Ira F. Salkin Award 2020”, fazendo parte do periódico americano Medical Micology, em português micologia médica.

O estudo premiado fez parte da tese de doutorado de Vanice, defendida em fevereiro de 2021 e que foi desenvolvida com o auxílio de pesquisadores na área da saúde, destacando os colegas do Laboratório e nomes internacionais como o professor David Stevens e o doutor David Larwood.

Desenvolvimento do estudo

A pesquisa consistiu na avaliação in vitro de um novo antifúngico (nicomicina Z) na inibição das três principais espécies de Sporothrix, fungo causador da esporotricose. Esta droga já é apontada como promissora no tratamento de outras doenças fúngicas, e estudos clínicos frente a outras micoses já estão sendo realizados. Portanto, na pesquisa foi demonstrada de forma pioneira a ação do medicamento frente a mais um microrganismo, ampliando seu potencial espectro de ação e instigando mais estudos para comprovação da sua aplicação na terapia da esporotricose.

Vanice destaca a importância de seguimento da pesquisa: “o estudo abriu a perspectiva de diversos outros visando a aplicação futura da nicomicina Z como fármaco antifúngico para o tratamento da esporotricose. O próximo passo será a avaliação da ação deste composto em modelo experimental in vivo”. A pesquisadora confirma ainda sua permanência junto ao Laboratório de Micologia da Famed.

Transmissão da doença

A doença é comum em gatos da nossa região, fazendo com que assim eles sejam os principais atingidos. O fungo pode ser transmitido para outros animais ou pessoas, culminando na disseminação da enfermidade. E o tratamento é a peça vital para que haja controle epidemiológico.

No entanto, é dificultosa a prevenção, pois é necessário um período prolongado de medicação diária e sua administração exige mais recursos devido ao alto custo e efeitos colaterais nos animais.

A esporotricose está tendo um aumento tanto em número de casos quanto em distribuição geográfica no território brasileiro. Esse aumento, inclusive, culminou com a inclusão recente desta enfermidade (Portaria Nº 264, fevereiro de 2020) na lista de doenças de notificação compulsória no Brasil. Todavia, ainda não há um subdiagnóstico, especialmente devido ao desconhecimento da população e inclusive de profissionais da saúde, o que gera somente estimativas, sem comprovação da incidência real nas diferentes regiões.

O Rio Grande do Sul é o segundo estado com maior número de casos da doença reportados no Brasil. No RS, estes casos estão concentrados na região sul, especialmente nos municípios de Rio Grande e Pelotas, onde compreendem um importante problema de saúde pública a ser enfrentado.

“Somente no Laboratório de Micologia da Famed cerca de 1000 casos de esporotricose em animais e de 200 casos em humanos, já foram diagnosticados, comprovando a necessidade de ações de enfrentamento dessa doença”, destaca Vanice sobre os estudos da doença.

Assessoria de Comunicação Social da FURG

Foto: Arquivo Pessoal

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