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Dicionário da Cultura Pampeana Sul-Rio-Grandense valoriza identidade gaúcha

Leite participou do lançamento ao lado de Andrey Rosenthal Schlee (filho do autor) e da secretária Beatriz Araujo

“Mestre fronteiriço dos homens sem fronteiras.” Foi assim que a secretária adjunta da Secretaria da Cultura, Carmen Langaro, descreveu o escritor, tradutor, jornalista, professor e desenhista Aldyr Garcia Schlee. Autor do Dicionário da Cultura Pampeana Sul-Rio-Grandense, lançado nesta quarta-feira (20), no Palácio Piratini, o escritor foi homenageado pela vida dedicada à valorização da identidade gaúcha.

Schlee nasceu em Jaguarão, em 22 de novembro de 1934, mas construiu sua vida e carreira em Pelotas, onde veio a falecer em 15 de novembro do ano passado. Toda a obra do escritor está relacionada à literatura uruguaia e gaúcha, à identidade cultural e às relações fronteiriças. “No dicionário, Schlee demonstra uma capacidade singular de recolher do cotidiano palavras, expressões, frases e sonoridades linguísticas. Cidadão de dois mundos, fez dos idiomas português e espanhol um meio de diluir a fronteira e aproximar o tipo humano identificado pelo mesmo bioma, o pampa”, destacou Carmen.

O filho do escritor, Andrey Rosenthal Schlee, diretor do Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), explicou que ao tentar separar o “Schlee autor” do “Schlee pai”, a literatura perde. “É possível perceber o quanto esses dois lados estavam presentes em cada parágrafo, cada frase dos livros escritos por meu pai”, contou, emocionado.

O governador Eduardo Leite, que conheceu Schlee na época em que ainda era vereador no município de Pelotas, reconheceu o valor do trabalho do autor. “Temos a oportunidade de destacar a identidade gaúcha, registrada no dicionário, por meio do registro da fala popular. Assim, entendemos quem somos e de onde viemos. A obra faz referência a esse modo de vida, que ajuda a sedimentar e a espalhar esse sentimento de identificação e de amor ao nosso pedaço de chão”, garantiu.

Também homenageando o escritor, a prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas, parabenizou a sensibilidade do Estado em fazer o lançamento do dicionário no Palácio Piratini. “Somente o livro ‘Os Contos Gardelianos’ de Schlee já é suficiente para colocá-lo entre os grandes. O Dicionário Pampeano, lançado hoje, é de nós, do que somos e do que nos fez. Schlee ganha a imortalidade”, resumiu.

Trajetória do autor

A biografia de Schlee é extensa. Doutor em Ciências Humanas, ele publicou mais de 15 livros, entre contos, ensaios e romances. Sua obra integra mais de seis antologias. Alguns dos livros foram primeiramente publicados no Uruguai, pela editora Banda Oriental. Traduziu “Facundo”, do escritor argentino Domingo Sarmiento, e fez a edição crítica da obra do escritor pelotense João Simões Lopes Neto.

Como jornalista, conquistou o Prêmio Esso de Jornalismo e fundou a Faculdade de Jornalismo da Universidade Católica de Pelotas (UCPel). Também foi professor, por mais de 30 anos, de Direito Internacional da Faculdade de Direito UCPel, e pró-reitor de Extensão e Cultura. O autor recebeu duas vezes o Prêmio da Bienal Nestlé de Literatura Brasileira e cinco vezes o Açorianos de Literatura. Em novembro de 2009, publicou “Os limites do impossível – Contos gardelianos”, e em 2010, o romance “Don Frutos”, ano em que também foi conquistou o Prêmio Fato Literário de 2010.

Foi, ainda, o criador do uniforme verde e amarelo da seleção brasileira de futebol, mais conhecido como camisa canarinho. Em 1953, aos 19 anos, desenhando e fazendo caricaturas para jornais de Pelotas, venceu 201 candidatos no concurso promovido pelo jornal carioca Correio da Manhã para a escolha do novo uniforme do Brasil. Após o concurso, a então Confederação Brasileira de Desportos (CBD) – atualmente Confederação Brasileira de Futebol (CBF) – oficializou o uniforme.

O Dicionário da Cultura Pampeana Sul-Rio-Grandense, fruto de uma vida de trabalho do autor, foi lançado sob o selo Fructos do Paiz, com patrocínio da Braskem, por meio do financiamento do Pró-Cultura RS. Os dois volumes serão disponibilizados a instituições de ensino, de pesquisa e bibliotecas interessadas. Em breve estará disponível para download.

SECOM RS

Foto: Gustavo Mansur / Palácio Piratini

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